O problema do endividamento do setor sucroalcooleiro, que saltou de R$ 3 bilhões em 2002 para o patamar de R$ 96 bilhões no fim de 2015, só vai ser solucionado no médio prazo. A previsão foi feita nesta segunda, dia 20, pelo presidente da consultoria Datagro, Plinio Nastari. O especialista no setor apontou o câmbio como “principal chave” para entender a evolução do setor nos últimos anos no Brasil.
O presidente da consultoria lembra que a dívida total do setor era estimada em R$ 3 bilhões em 2002. No fim de 2009, esse montante já havia subido para R$ 39 bilhões. “Mas a adoção de políticas econômicas que subsidiavam a gasolina gerou forte queda da receita do setor e, consequentemente, elevação da dívida”, disse. Então, o endividamento total do setor alcançou R$ 96 bilhões no fim do ano passado.
“Hoje, o que vimos no Brasil é que, mesmo com um preço mais alto na usina, há um grande esforço para gerar receita para pagar essa dívida. Vai levar alguns anos e a dívida só vai cair no médio prazo”, disse.
Nastari comentou que a taxa de câmbio é um elemento chave para entender a evolução do mercado sucroalcooleiro do Brasil nos últimos anos. A valorização excessiva do real, por exemplo, inflou preços internacionais e “enviou uma mensagem para o mundo de que era lucrativo produzir açúcar”. “Assim, foi gerado o ciclo de superávit”, afirmou.
Nastari citou que, além do câmbio, o outro fator importante são os fundamentos do próprio mercado, como a atividade econômica global e a demanda pelo produto.