Dívida de usinas brasileiras cresce com valorização do dólar

Pelo lado positivo, aumento de competitividade deve elevar exportações e capitalizar o setorA dívida das usinas de cana-de-açúcar brasileiras chega a R$ 82 bilhões, segundo consultorias especializadas. Como 70% desse valor está atrelado ao dólar, o montante deve crescer com a recente valorização da moeda frente ao real. 

Fonte: Canal Rural

De acordo com consultorias especializadas, desde 2008, 67 usinas brasileiras estão em recuperação judicial. O maior número está na região Sudeste, com 38 usinas. Em seguida vem o Nordeste com 14, o Centro-Oeste com 13 e a região Sul, com duas. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), cerca de 80 usinas fecharam as portas de 2008 a 2014 e nove podem fechar ainda este ano.

Segundo especialistas de mercado, a implantação de novas políticas de incentivo pode ajudar o setor no médio prazo. Para o diretor técnico do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise Br), Paulo Gallo, o cenário de dólar valorizado frente ao real tem um lado positivo: o aumento das exportações e uma possível capitalização do setor.

– Do ponto de vista do aumento, você favorece as exportações, ou seja, com o mesmo montante de dólar o produtor ganha mais. Mas ainda é muito cedo pra poder avaliar isso no longo prazo. Temos que ver como vai caminhar o dólar – aponta Gallo.

A presidente da Unica acredita que as medidas adotadas até agora não resolvem o problema do setor, que está em crise desde o final da década de 1990.

– Isso não resolve o problema. Nós precisamos que o governo defina qual será a matriz energética e invista em políticas de médio e longo prazo, pra que a gente possa saber como será, por exemplo, em 2030 – indica Elisabeth Farina.

A perspectiva do setor é de que o etanol tenha melhor desempenho que o açúcar este ano. Com relação à possibilidade de retomada das fusões no mercado nacional, muitos usineiros explicam que ainda é cedo pra se falar neste tipo de prática, algo que foi comum no início da década de 2000. 

José Carlos Correia Maranhão, de Alagoas, um dos principais estados produtores, acredita que para que isso aconteça, o setor sucroalcooleiro precisa apresentar melhora de desempenho no curto prazo.

– É um momento de cautela, de analisarmos que rumos tomaremos nos próximos meses – diz Maranhão, diretor superintendente da Usina Santo Antônio.

Evento 

Um dos destaques do primeiro dia do seminário Sugar & Ethanol Brazil 2015 foi a apresentação de um estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) sobre o potencial competitivo do etanol 2G no Brasil. A perspectiva é de que, em até dez anos, a produtividade por hectare aumente em até 54% com a adoção das novas tecnologias.

– A gente consegue evoluir do patamar atual, que é de produção de 6,5 mil litros de álcool por hectare para 10 mil litros com o álcool 2G. Isso representa um ganho significativo para o produtor – garante Carlos Eduardo Cavalcanti, chefe do Departamento de Biocombustíveis do BNDES.