O etanol hidratado atingiu, esta semana, o maior valor nominal nas usinas paulistas nos 13 anos de divulgação do indicador pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq).
O preço do litro subiu 5,26% entre segunda, dia 2, e esta sexta, dia 6, nas unidades produtoras de São Paulo e variou de R$ 1,6183 para R$ 1,7035, em média. O maior preço até então da série histórica, iniciada em novembro de 2002, foi registrado na semana encerrada em 25 de março de 2011, quando o litro atingiu R$ 1,6323, em média.
Além da alta semanal, a 11ª consecutiva, o preço do litro do etanol hidratado nas usinas é 43,7% maior que o valor de R$ 1,1853 por litro cobrado há um ano, no encerramento da primeira semana de novembro de 2014. O recorde coincide ainda com a proximidade do aniversário, dia 15 de novembro, de 40 anos do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), que massificou o uso do biocombustível em veículos no País.
Já o preço do etanol anidro teve alta de 6,72% e saiu de R$ 1,7889 para R$ 1,9092 o litro, em média. O valor do anidro, misturado em até 27% na gasolina, é 48,5% superior ao R$ 1,2856 de igual período do ano passado e o maior nominal desde a semana finalizada em 29 de abril de 2011, quando fora negociado a R$ 2,3815. É ainda o quarto maior da série do Cepea/Esalq iniciada em 2002. O recorde histórico, de R$ 2,7257 o litro, ocorreu na semana de 20 de abril de 2011.
De acordo com Mirian Bacchi, coordenadora da equipe de pesquisadores de etanol e açúcar do Cepea/Esalq, os reajustes da gasolina este ano ampliaram a competitividade do etanol e a alta na demanda justificou o aumento do biocombustível. Além disso, as chuvas constantes nas regiões produtoras de cana prejudicaram a colheita da matéria-prima utilizada na produção do etanol.
Outro fator foi o forte crescimento do consumo em Minas Gerais, após a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do álcool naquele Estado este ano e o consequente aumento do tributo sobre a gasolina. Com isso, Minas Gerais, grande produtor de etanol, passou de exportador para consumidor de grande parte de oferta.
Ainda segundo Mirian, o fato de o etanol ter perdido a competitividade para a gasolina nos postos em São Paulo, Paraná e Minas Gerais esta semana, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), pode frear os preços nas usinas por conta da queda na demanda. “Nesta semana ainda não houve queda nos negócios nas distribuidoras. Talvez, a partir da semana que vem, após essa perda de competitividade ser noticiada, isso possa ocorrer”, disse.
Inflação
A alta do preço do hidratado e do anidro nas usinas, com o repasse às bombas de postos, deve também manter a pressão do combustível e da gasolina no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em novembro, como já ocorreu no mês passado. Com altas de 5,05% na gasolina, puxadas pelo reajuste e ainda a influência do etanol anidro, e de 12,29% para o hidratado, os combustíveis foram as maiores vilões da inflação de outubro, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os combustíveis foram responsáveis por 37% do indicador oficial de inflação em outubro, com 0,30 ponto porcentual de impacto no índice de 0,82% do IPCA, o maior para o mês desde 2002.