– Uma das implicâncias da presidente é que ela acha que setor é incompetente. Ela tem em mente que o problema das usinas é a falta de gestão – disse a executiva.
Na avaliação do setor, a falta de competitividade do etanol é provocada, por exemplo, pelo controle dos preços do combustível de petróleo pelo governo para frear a inflação, inclusive por meio da retirada da Cide incidente sobre a gasolina.
Segundo a executiva da Unica, outro problema é que o governo acha que as usinas evitam cortar e processar lavouras cana-de-açúcar entre uma safra e outra para que haja um controle na oferta de etanol na entressafra. Na verdade, a chamada “cana bisada” não é colhida ao final da safra por conta do início do período de chuvas, que torna inviável economicamente e até impossível a colheita mecânica da matéria prima nas lavouras.
– Mas existem espaço para mostrarmos a ela todos os avanços do setor nos últimos anos, com inovação e o esforço pela melhoria dos resultados. O setor tem fundamentos tão bons que temos argumentos para convencê-la – afirmou a diretora-presidente da Unica.
A executiva avaliou que o setor deve ser beneficiado indiretamente pela mudança na política macroeconômica no segundo mandato de Dilma, com a o ajuste fiscal anunciado pelo futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
– Parte do descontrole fiscal tem a ver com desonerações e, entre elas, o fim da Cide. Se a gestão macroeconômica vai ao maior equilíbrio das contas públicas podemos recuperar a Cide e o diferencial tributário recuperará parte de competitividade do etanol – disse Elizabeth Farina.
A diretora-presidente da Unica voltou a cobrar regras estáveis para o setor e afirmou que a falta delas prejudica até mesmo o processo de fusões e aquisições entre usinas. Indagada sobre o aumento da mistura, ela citou a pressão da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) por mais testes em veículos exclusivamente a gasolina e importados.
– O setor está pronto para garantir abastecimento já em dezembro com aumento na mistura do etanol à gasolina – reafirmou.
Kátia Abreu
Por fim, Elizabeth considerou positiva a possível escolha da presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), para ser ministra da Agricultura.
– Ela será boa ao setor por ser próxima a Dilma e conhecer o agronegócio. É uma pessoa corajosa e incisiva – concluiu.