O setor sucroenergético ampliará sua capacidade de geração de energia elétrica a partir da biomassa (bagaço e palha) em 1.192 megawatts (MW) médios até 2018, ou apenas 24% da demanda esperada pelo governo federal para o período para fonte de geração, de 5 mil MW médios. Segundo avaliação de Zilmar José de Souza, assessor da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) para a bioeletricidade, apesar de o setor já ter instalado 1.750 MW médios em um só ano (2010), a política do governo considerada equivocada à época e os preços baixos nos leilões de compra de energia desestimularam investimentos para a produção de energia elétrica a partir da biomassa.
De acordo com o executivo, o “fundo do poço” do setor foi em 2012, ano em que não houve venda de energia cogerada nas usinas de açúcar e etanol nos leilões do governo por conta dos preços baixos, de R$ 112 o megawatt-hora (MW/h) à época, o que gerou a queda nos investimentos em novos projetos desde então. “Entre o gráfico apresentado (pelo governo de demanda esperada) e a realidade, falta ousar muito mais. Faltam políticas públicas que valorizem as externalidades da biomassa da cana”, disse o assessor da Unica.
Souza considerou, por exemplo, um retrocesso o teto de preços praticado no último leilão de compra de energia para 2018, realizado na última sexta-feira, de R$ 218 o MW/h. Além disso, o pregão contou com projetos de energia eólica, cujo preço de geração é menor que o da biomassa, mas cuja transmissão é mais cara por conta da distância aos centros de consumo.
– Apenas um projeto de biomassa foi negociado no último leilão – disse. Para Souza, “um avanço” do governo para o próximo leilão, em janeiro de 2016, seriam preços de R$ 281 o MW/h, valor teto do penúltimo leilão.
– O governo tem de sinalizar com clareza que o preço será melhor e não uma regressão como ocorreu agora – afirmou.
O assessor da Unica lembra que o setor sucroenergético mostrou, em agosto do ano passado, ter capacidade de atender à demanda de energia quando, no ápice da crise de energia, conseguiu ampliar de 4% para 7% a participação na demanda da matriz elétrica.
– Naquela época foi a primeira vez que a geração para a rede por parte das usinas superou a fatia de consumo próprio, chegando a 60% –concluiu Souza.