O novo reajuste de preços de combustíveis pela Petrobras, desta vez para cima, deve se refletir sobre as cotações do etanol hidratado, concorrente direto da gasolina, apenas na próxima temporada de cana-de-açúcar, que começa em abril. De acordo com o analista de Mercado da INTL FCStone, João Paulo Botelho, a atual temporada “já está praticamente concluída”.
“Um aumento de 8% no valor da gasolina, revertendo os cortes anteriores, pode, realmente, ter um impacto para a próxima safra, caso o petróleo continue subindo”, disse.
Em sua avaliação, usinas de Estados como Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que previam um mix de produção um pouco mais açucareiro, podem se voltar novamente para o álcool. Essas regiões ficam distantes dos portos exportadores de açúcar de Santos (SP) e Paranaguá (PR) e, por essa razão, têm preferência pelo etanol, já que os custos para transporte do açúcar até os terminais desestimulam a produção do alimento.
No geral, contudo, a expectativa ainda é de que a temporada 2017/18 seja mais açucareira, dadas as cotações remuneradoras da commodity na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). A própria INTL FCStone avalia que a fabricação do alimento aumentará quase 1% no que vem, para 35,7 milhões de toneladas, enquanto a de etanol deve diminuiu 3%, para 24,2 bilhões de litros.
Comunicado
A Petrobras anunciou na noite desta segunda-feira, dia 5, aumento do preço do diesel nas refinarias em 9,5%, em média, e da gasolina em 8,1%, com vigência a partir desta terça. Se o ajuste for integralmente repassado pelos outros integrantes da cadeia do petróleo, sem alteração das demais parcelas que compõem o preço ao consumidor final, o diesel pode subir nas bombas 5,5%, ou cerca de R$ 0,17 por litro, e a gasolina 3,4%, ou R$ 0,12 por litro.
Esse foi o primeiro aumento anunciado pela Petrobras dentro de sua nova política de formação de preços. Em outubro e novembro, a petroleiro havia cortado os valores do diesel e da gasolina em 2,7% e 10,4% e em 3,2% e 3,1%, respectivamente.
Na semana passada, o etanol hidratado nos postos brasileiros atingiu média de R$ 2,81 por litro, enquanto a gasolina, R$ 3,655 por litro, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Com isso, a paridade entre os preços dos produtos ficou em 76,91%, acima dos 70% que dão vantagem ao álcool.