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Fim do regime de cotas de açúcar na UE pode levar bloco a produzir maior volume desde a safra 2005/06

Com o fim de mudanças regulatórias que travam o mercado de açúcar, União Europeia incrementará produção, diminuindo a dependência da importação do adoçante

Fonte: Pixabay

O mercado de açúcar se prepara para uma das principais mudanças regulatórias da década prevista para outubro de 2017. A partir deste mês as usinas da União Europeia – cuja produção hoje é limitada por rígido sistema de cotas – poderão produzir quanto quiserem e destinar este produto tanto no mercado doméstico quanto externo.

Com essas medidas, e supondo um cenário climático normal, a INTL FCStone estima que o bloco poderá produzir 18,24 milhões de toneladas de açúcar na safra 2017/18, o que representa um aumento de 16,6% em relação à estimativa da consultoria para a safra atual. Esta seria a maior produção no bloco desde 2005/06, quando a mesma registrou 19,3 milhões de toneladas. “A produção ficaria em torno de 400 mil toneladas abaixo de nossa estimativa para a demanda doméstica do bloco, reduzindo drasticamente a necessidade de importações do continente”, lembra o analista de mercado da INTL FCStone, João Paulo Botelho.

Em relatório, a consultoria explica que a produção de açúcar tende a se elevar conforme os produtores mais eficientes buscam aumentar sua participação no mercado, reduzindo as importações. No médio prazo, o bloco pode se tornar exportador líquido de açúcar. Por outro lado, o consumo pode diminuir devido à eliminação das cotas de produção do xarope de glicose, que deve competir diretamente com o açúcar.

Há de se atentar, também, para o fato de que o fim das cotas de produção e do preço mínimo sobre o açúcar e a beterraba tornará mais complexo o processo de decisão das empresas açucareiras europeias. Primeiro, as usinas devem decidir quanto do adoçante pretendem produzir, considerando o nível de preços esperado, além da estratégia comercial e de risco que será adotada. Em segundo lugar, precisam negociar com seus fornecedores de beterraba qual será o preço/sistema de remuneração que será adotado, procurando garantir que os incentivos sejam suficientes para que os agricultores plantem a área necessária e façam os investimentos essenciais para que a produção final de beterraba possa alcançar o volume esperado pela usina.

Para a safra 2017/18 a maioria destas decisões já foi tomada. Com os preços internacionais em patamar relativamente elevado, a maioria das grandes produtoras de França, Alemanha, Reino Unido e Holanda incentivaram seus fornecedores a aumentar em até 30% a área plantada, com o objetivo de aumentar o share no mercado europeu e, possivelmente, até exportar o produto. A negociação com os agricultores, entretanto, foi muito diferente entre as empresas.

“Pelas informações que circularam no mercado podemos aferir que a maior parte das empresas ofereceu preço da beterraba inferior à safra passada, devido principalmente à perspectiva de que o preço do açúcar na UE convirja para a cotação internacional”, explica o analista Botelho. Mesmo considerando os preços mais baixos, a maioria dos agricultores deve aumentar a área plantada devido à maior remuneração oferecida pela beterraba em relação às culturas concorrentes.

Algumas empresas também ofereceram prêmio para os produtores que alcançarem meta de aumento na área plantada ou para o produto entregue tardiamente (a partir de janeiro), possibilitando assim o alongamento da safra. Na maioria dos casos, as usinas ofereceram possibilidade de que os fornecedores participem da alta no preço do açúcar caso o mesmo ultrapasse determinado nível (em geral ao redor de €450/t).

Nos países menos eficientes do bloco, como Espanha, Itália, Grécia e Romênia, mesmo com os subsídios oferecidos pelos respectivos governos, é esperado que a produção de açúcar perca força. Com preços menores no continente, é improvável que as empresas destes países consigam competir com o produto dos vizinhos mais competitivos, levando à perda de participação no mercado.

Destaca-se, ainda, que as exportações brasileiras de açúcar devem ser impactadas negativamente, apesar de a participação do continente já ser muito baixa. Ao longo dos últimos três anos o bloco respondeu por pouco mais de 2% das vendas externas do país, com compras entre 400 e 800 mil toneladas do produto por ano. As usinas do Nordeste, que possuem cotas com tarifas preferenciais, devem ser mais impactadas.

Principais mudanças

• Cotas de produção serão eliminadas. Todas as usinas poderão produzir quanto açúcar quiserem, podendo vender o produto em todo o bloco e exportar.

• O limite de exportação de 1,374 milhões de toneladas será abolido.

• Os preços mínimos para a beterraba e para o açúcar serão eliminados. Desta forma, os preços da matéria-prima e do produto final serão definidos exclusivamente pelo mercado.

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