A meta do governo brasileiro – que deve ser anunciada durante a convenção global do clima, a COP21, em Paris – de produzir 50 bilhões de litros de etanol até 2030 poderia causar maior volatilidade no mercado de açúcar, ao desestabilizar o balanço de produção de açúcar e etanol. A avaliação é de Plinio Nastari, presidente da consultoria Datagro, durante um seminário da Organização Internacional do Açúcar (OIA), que ocorre em Londres.
A imposição do aumento da produção e exportação de etanol poderia reduzir a capacidade de produtores de escolher entre as duas commodities de acordo com os fundamentos de oferta e demanda, comentou Nastari.
O presidente da Datagro afirmou, ainda, que o recente aumento dos preços de açúcar no mercado internacional não é suficiente para incentivar investimentos no aumento da capacidade de moagem de cana-de-açúcar no Brasil. As dívidas das usinas ainda são altas demais para permitir programas de investimento nos preços atuais, segundo ele.
Volatilidade
As mudanças climáticas e o aquecimento global devem elevar a volatilidade dos preços do açúcar no mercado internacional, afirmou o analista Jonathan Kingsman, durante seminário. “Parece que o aquecimento global é uma realidade e os padrões climáticos estão confusos”, disse.
O analista afirmou, ainda, que uma grande incerteza no mercado é a influência dos fundos de investimento e de especuladores nos movimentos de preços. O fluxo de capital institucional nos mercados futuros e de fundos indexados em commodities foi impulsionado por um paper publicado em 2005 por Gary Gorton e Geert Rounwehorst, que mostrou que os mercados de commodities têm uma relação inversa às oscilações do mercado de ações e que poderiam servir como hedge (proteção de capital) contra a inflação.
Entretanto, Kingsman lembra que essa relação se enfraqueceu com o desaquecimento da demanda chinesa, o que levou alguns fundos a reduzirem a exposição a commodities.