Mercado futuro reduziria volatilidade do etanol

Segundo Datagro, rentabilidade dos produtores está limitada por falhas no mercado

Fonte: Paulo Altafin/divulgação

O presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, defendeu a maior utilização do mercado futuro para a comercialização do etanol como forma de reduzir a volatilidade desta commodity e garantir a longevidade da cadeia sucroalcooleira. Nos bastidores do evento de lançamento do Global Agribusiness Forum 2016, em São Paulo, Nastari alertou que os produtores estão com a rentabilidade limitada porque há uma “falha de mercado”.

– Embora o consumo de álcool hidratado esteja 40% maior este ano (considerando o período de janeiro a julho ante 2014), esse aumento não se traduz em preços melhores porque todos os produtores fazem suas ofertas ao mesmo tempo no mercado à vista – afirmou Nastari. 

Segundo ele, isso contribui para que haja quedas e altas de preços mais acentuadas, prejudicando inclusive o consumidor final e retirando previsibilidade da cadeia produtiva.

– Isso pode ser solucionado com a visão de que o setor precisa contratar e comercializar álcool no mercado futuro, e não no spot – disse.

Nastari defendeu a definição de regras que garantam o livre mercado entre o etanol e a gasolina e a isonomia na tributação dos combustíveis.

– Há necessidade de definir regras estáveis, o que trará maior segurança para que investimentos ocorram – afirmou.

Para 2015, a Datagro estima a produção de 30,3 bilhões de litros, alta de 9% ante os 27,8 bilhões do ano passado. O avanço é devido à queda dos preços internacionais do açúcar, que levou produtores a diversificarem mais o seu mix.

Biomassa

Para Nastari, o governo federal também precisa reconhecer o potencial do setor para a geração de energia. O presidente da Datagro afirma que 125 das 354 usinas em operação no País em 2014 atuaram na produção de 14,3 mil gigawatts-hora (GWh).

– É muito pouco em relação ao potencial, que é estimado entre 16 mil GWh e 22 GWH – opinou.

Nastari disse que falta infraestrutura para aproveitar o potencial, além de tarifas que viabilizem investimentos e ampliação da cogeração.

– O uso da biomassa seria absolutamente complementar à energia hidrelétrica disponível nos meses de chuva – comentou.