A moagem deve ser impactada diretamente pela melhora da condição hídrica dos solos nos últimos meses. Com os canaviais se recuperando de um ano com chuvas abaixo do esperado em meses cruciais para o desenvolvimento da planta, a produtividade agrícola deverá alcançar nível acima do que era previamente esperado, embora ainda continue abaixo da média histórica da região.
O setor sucroenergético do Centro-Sul do Brasil começou o ano com expectativas de que a safra não apresentaria melhora significativa em relação à anterior. Contudo, os meses de fevereiro e março trouxeram precipitação muito superior ao esperado, melhorando a situação de umidade dos solos, que já se encontrava menos grave que no ciclo passado nas principais regiões produtoras.
– Nestes dois meses muito importantes para o desenvolvimento dos canaviais, as regiões produtoras do Centro-Sul receberam, em média, precipitação 40% maior que no ano anterior –avalia a INTL FCStone, em relatório.
Quanto à qualidade da matéria-prima, estima-se ligeira redução na concentração de açúcares em relação ao ciclo 2014/2015. Isso deve ocorrer devido ao aumento, mesmo que suave, da precipitação.
A consultoria projeta, ainda, um mix alcooleiro de 57,3%. Esta proporção da matéria-prima deve ser utilizada para a produção de 15,2 bilhões de litros de hidratado e 11,3 bilhões de litros de anidro, totalizando 26,4 bilhões de litros do biocombustível. Já a produção açucareira deve consumir 42,7% da disponibilidade de ATR, totalizando 32,1 milhões de toneladas do adoçante, uma elevação de 0,3% em relação à safra anterior.
Excedente de produção global de açúcar em 502 mil toneladas
Estimativa da INTL FCStone também aponta para um novo excedente de produção na safra global de açúcar 2014/15, com superávit projetado em 502 mil toneladas do produto.
– Esta deve ser a quinta temporada consecutiva com excedente de produção, contribuindo para estoques globais cada vez maiores, apesar da demanda ter crescido de forma contínua ao longo do período – explica a consultoria.
Apesar de registrar novo superávit, este deve ser muito inferior ao excedente das últimas temporadas, com redução de 87% em relação ao ciclo 2013/2014 e de 93% em relação a 2012/2013.
O principal motivo para a redução no excedente foi a forte queda na produção chinesa de açúcar. O país asiático, que havia sido o terceiro maior produtor global em 2013/2014, deve produzir apenas 10,6 milhões de toneladas do produto neste ciclo, uma redução de mais de 20% em relação ao anterior.