Uma pesquisa da União dos Produtores de Bioenergia (Udop) realizada na safra 2014/2015, encerrada em março passado, aponta que 61% das unidades sucroenergéticas consultadas deixam a palha da cana-de-açúcar nas lavouras após a colheita. A matéria-prima poderia ser utilizada, juntamente com o bagaço, principalmente para a queima em usinas térmicas na produção de energia elétrica cogerada.
A pesquisa foi feita com 49 usinas, responsáveis pela moagem de 96 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, ou cerca de 15% do processamento no país na última safra. Segundo o presidente da Udop, Celso Junqueira Franco, a pouca utilização da palha pode ser explicada pelas incertezas do setor na comercialização da energia elétrica cogerada.
– O governo sistematicamente estabelece preços teto para os leilões de energia de biomassa que não garantem retorno adequado aos investidores, sem contar com outros gargalos, como a conexão com o sistema de distribuição – informou Junqueira Franco.
Com isso, apenas 15% do excedente de energia do potencial disponível no bagaço é comercializado, segundo ele, o que representa apenas 2,5% de toda energia elétrica consumida no país.
– O setor é capaz de produzir 14% de toda energia consumida no país, sendo complementar ao sistema hídrico, pois a concentração da produção ocorre no período seco, o que reduz o consumo dos reservatórios e contribui para a segurança de todo sistema de abastecimento – relatou o presidente da Udop.