O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) lançará, entre fevereiro e abril de 2017, a primeira variedade transgênica comercial de cana-de-açúcar. A cana será a CTC 20, conhecida pela alta produtividade, modificada geneticamente com a inclusão do gene Bt e capaz de dar à planta resistência aos insetos.
A variedade, que deve ser a primeira transgênica de cana no mundo, será utilizada para o combate à Diatrea spp, popularmente conhecida como a broca-da-cana, praga que traz perdas anuais estimadas em R$ 3 bilhões à cultura.
Segundo o Virgilio Cesar Vicino, gerente de negócios e biotecnologia do CTC, o dossiê com todos os estudos sobre a CTC 20 Bt será submetido à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e o processo deve demorar cerca de um ano para ser aprovado, por isso a data de lançamento comercial foi definida para o início de 2017.
– Mas a cana já pode ser encomendada com nossos representantes e, por conta da disponibilidade ainda restrita, será limitada no início – disse Vicino no 11º seminário Insectshow, em Ribeirão Preto (SP).
Ele não revelou os valores das mudas da cana transgênica, mas informou que um terço dos custos com a biotecnologia embarcada será transformado em royalties pagos ao CTC. De acordo com Vicino, as variedades seguintes serão a CTC15 Bt e CTC9001 Bt e ainda outras oito variedades transgênicas para o combate à broca serão lançadas no futuro.
– A segunda geração de cana transgênica terá resistência combinada aos insetos e a herbicidas – complementou o executivo.
Vicino explicou no evento que os agricultores terão de reservar um “refúgio” nos canaviais onde serão cultivadas as variedades transgênicas Bt, uma área estimada em 10% do total na qual será cultivada cana convencional com o mesmo estágio de maturação. Esse refúgio, explicou, será utilizado para evitar justamente que as brocas ganhem resistência à transgenia.
– O refúgio é importante porque terá brocas não resistentes ao gene Bt e essas brocas, cruzando com as que possam começar a ter resistência, criarão novas gerações sem resistência – explicou.
Além das variedades de cana resistentes às pragas e a herbicidas – às quais são aplicadas tecnologias disponíveis em outras culturas, como soja e milho – o CTC desenvolve ainda outras variedades geneticamente modificadas, entre elas uma com entre 15% e 20% mais de açúcar que as convencionais. A variedade, desenvolvida em conjunto com a Bayer, deve chegar até 2020 no mercado e será destinada à produção de etanol, já que o açúcar disponível na planta não é cristalizável, de acordo com Vicino.
– Será uma cana capaz de produzir até 20% mais etanol – concluiu.