Depois de enfrentar muita chuva, produtores de cana tentam recuperar o atraso na colheita em Piracicaba, no interior de São Paulo. Por enquanto, o frio não é problema para a produção e pode até trazer benefícios para a cultura, segundo relatou o produtor de cana Gilmar Soave. “Nesta época o frio é até benéfico, pois ele vai trazer maior maturação do canavial. Lógico que se for uma geada intensa, ele pode causar algum problema das canas, mas como o solo está úmido, nós acreditamos que não tenha problema nenhum.”
A chuva que caiu entre janeiro e junho, no entanto, foi considerada bem acima da média e pode prejudicar o produtor em alguns casos. “De janeiro até este período de safra nós tivemos 1.060 mm de chuva, o que é muita chuva. Normalmente de janeiro a junho chove em torno de 500 a 600 mm na região e tudo isto traz consequências, como a dificuldade de tirar a cana da lavoura”, disse José Rodolfo Penatti, gerente do departamento técnico da Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba (Afocapi).
“O que prejudicou também junto com a chuva que veio em excesso foi o vento que derrubou a Cana. Então, esta cana que caiu dificilmente vai atingir o ATR que era esperado”, completou Gilmar Soave.
O ATR ao qual o produtor se referiu é o açúcar total recuperável por tonelada de cana e serve para calcular quanto o produtor vai receber da usina. Para Gilmar Soave, a chuva deve provocar uma queda de cerca de 10 ATR por tonelada, passando de 140 para pouco menos de 130.
A safra da cana começou em abril e, dos 120 mil hectares de cana na região de Piracicaba, aproximadamente 15% da área foi colhida até o momento. Mesmo com este atraso, a expectativa ainda é de conseguir colher toda a cana até o final do ano.