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Raízen dispensa 250 funcionários e fecha usina em Araraquara

Em nota, a empresa informou que a suspensão das atividades é temporária, por um período inicial de dois anos

Fonte: Divulgação

A Raízen, uma das principais empresas sucroalcooleiras do País, demitiu 250 trabalhadores e encerrou as atividades da tradicional Usina Tamoio, na segunda-feira, dia 13, em Araraquara, interior de São Paulo. O fechamento pegou de surpresa os trabalhadores demitidos, que se concentraram no setor industrial da empresa, à margem da Rodovia Washington Luís (SP-300).

Em nota, a Raízen informou que suspensão das atividades é temporária, por um período inicial de dois anos. O prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), entrou em contato com a empresa, mas não conseguiu reverter, de imediato, a decisão.

A Tamoio, com foco principalmente na produção de açúcar, está na principal região produtora de cana-de-açúcar do Estado, com 830 mil hectares cultivados. A empresa alegou que a paralisação se dá devido a um cenário de menor disponibilidade de cana nessa região e a otimização logística e de produção da Raízen. “A cana-de-açúcar destinada à unidade Tamoio será redirecionada a outras unidades da empresa, não havendo redução da moagem do Grupo Raízen. A operação agrícola própria e dos fornecedores da Raízen não será impactada”, informou em nota.

A empresa informou ter conseguido recolocar boa parte dos funcionários para trabalharem em outras unidades próximas. “Aqueles que foram desligados tiveram todos os seus direitos garantidos e a empresa fará todos os esforços para auxiliar a recolocação dessas pessoas por meio de parcerias com órgãos municipais e com a iniciativa privada”, afirmou. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Araraquara, Antônio Gonçalves Filho, disse que os trabalhadores foram apanhados de surpresa. “Eles chegaram para trabalhar e foram informados da demissão. Os ônibus estavam no local para levá-los de volta para casa.”

A expectativa do sindicato é de que se repita o que aconteceu com a Usina Bom Retiro, unidade do grupo em Capivari, também no interior, que reabriu em março deste ano, após permanecer dois anos fechada. O prefeito informou que manterá reunião com o grupo, em data ainda não definida, para assegurar a reabertura. “É lamentável a suspensão, mesmo que temporária, das atividades da Tamoio. São centenas de empregos e famílias que sofrerão com o desemprego. Vamos tentar reverter essa situação.”

Em setembro deste ano, a Raízen adquiriu as usinas Santa Cândida, em Bocaina, e Paraíso, em Brotas, ambas no interior paulista. Na mesma região da Tamoios, a empresa mantém as usinas da Serra, em Ibaté; Bonfim, em Guariba, e unidades em Dois Córregos, Barra Bonita e Jaú. Criada a partir da fusão dos negócios da Shell com a Cosan, a Raízen é uma das principais empresas de energia do mundo, com 26 unidades de produção de açúcar, etanol e bioenergia.

História

A Usina Tamoio foi criada em 1917 pelo imigrante italiano Pedro Morganti e permaneceu sob o controle da família até sua venda em 1969. Em 1920, a usina moeu 19,7 mil toneladas de cana e, em 1958, comemorou a produção do saco de açúcar de número 800 mil.

Na década de 1940, tornou-se a maior indústria sucroalcooleira da América do Sul, com três mil empregados fixos, e, nos anos 50, recebeu a visita do então presidente Juscelino Kubitschek. Além de 1,5 mil residências, a usina tinha igreja, escola, posto de saúde, clube, cinema e estádio de futebol. A produção embarcava em estação ferroviária própria, num ramal com 100 km de trilhos.

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