O diretor-executivo de etanol, açúcar e bioenergia da Raízen, João Alberto Abreu, disse nesta quarta, dia 22, que os estudos e uma proposta para a construção de duas novas plantas de etanol de segunda geração (2G) serão encaminhados até meados de 2016 para avaliação dos acionistas da companhia.
– A gente tem até meados do ano que vem como data-chave para levar aos acionistas a aprovação de segunda e terceira plantas, ou não. É o prazo para terminar as avaliações e tomar decisões – disse Abreu após a inauguração oficial da primeira unidade de etanol 2G da Raízen, anexa à Usina Costa Pinto, em Piracicaba, interior de São Paulo.
A planta industrial do etanol produzido a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar, subprodutos do primeiro processamento, custou R$ 237 milhões, sendo R$ 207,7 milhões financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A unidade tem capacidade de produzir 42 milhões de litros de etanol, ou seja, deve ampliar em 50% a produção atual da Usina Costa Pinto, de 80 milhões de litros. Nesta primeira safra, a produção será de 10 milhões de litros, ainda em fase de análise e dentro de curva de aprendizado da escala comercial da nova tecnologia, segundo o executivo.
O projeto liderado pela Raízen prevê oito usinas de etanol 2G e uma produção anual de 2 bilhões de litros se for viabilizado. Segundo Abreu, como o etanol 2G tem especificidades diferentes do de primeira geração – entre elas a emissão de carbono 15 vezes menor – a crise não afeta a produção desse combustível.
– Nossa decisão de ir em frente ou não com o plano de novas unidades de 2G não está relacionada à situação do mercado. A crise não afeta essa questão específica, pois o produto tem muita demanda no mercado interno e externo – disse.
– O problema não é de mercado nem de preço, mas de chegar à escala comercial – afirmou o executivo.
Enquanto o custo do etanol de primeira geração está um pouco acima de R$ 1,10 por litro, o do 2G fica pouco abaixo de R$ 1,40. Segundo a Raízen, com a redução do custo das enzimas utilizadas no processo de produção do etanol 2G e com a melhoria na produtividade, o custo de produção deve se equiparar ao de etanol de cana-de-açúcar em até quatro anos.
Safra
Abreu comentou ainda o andamento da safra de cana-de-açúcar 2015/2016, marcada pela disparada de até 40% no consumo de etanol e ainda pelos preços estáveis do combustível comercializado pelas usinas.
– A demanda está forte, mas os preços não estão reagindo em linha com a demanda, porque o mercado fechou a safra passada com determinado nível de estoque e os preços de açúcar também não estão bem. Do ponto de vista de preço não é uma safra muito boa – afirmou Abreu.