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Reajuste de combustíveis é insuficiente para aumentar competitividade do etanol

Especialistas apontam para impacto no preço dos fretes e alta nos custos de produção das lavourasGasolina e diesel subiram nesta sexta, dia 7, nas refinarias. O reajuste da Petrobras foi de 3% e 5%, respectivamente. Analistas de mercado acreditam que a alta é insuficiente para aumentar a competitividade do etanol. Por outro lado, o reajuste do diesel pode gerar impacto no preço dos fretes e nos custos de produção das lavouras.

Segundo o presidente da Macrologística, Renato Pavan, o reajuste causará poucas mudanças no setor.

– O ideal é que não houvesse esse aumento, mas acho que ele não é significativo. Ele passa a ser significativo se vierem outros aumentos, não dá para se perceber o que vai acontecer. Isso está acontecendo de forma radical e sem planejamento – destacou.

A opinião é a mesma do assessor técnico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) Rogério Avelar, que afirma que o setor do etanol está em crise há muito tempo e que a elevação no preço dos combustíveis não deve gerar grandes mudanças na competitividade do produto.

Na agricultura, qualquer aumento no preço diesel interfere nos custos de produção e na rentabilidade do produtor. De acordo com o economista da Fecoagro Tarcisio Minetto, a elevação no custo de produção ocorre nas lavouras.

– O impacto, no caso da soja, pegando de referência o período de cultivo, será da ordem de R$ 8,00 a R$ 10,00 por hectare, considerando esse aumento de 5% – claro que dependerá muito do porte das máquinas que são utilizadas, das horas-máquina de cada atividade, de aplicações no plantio. No nosso referencial de estudo, o impacto será de 0,26%, ou seja, menos de meio por cento em termos de valor que acrescentam esses 5% – especifica.

No caso do milho, com algumas aplicações reduzidas em relação à soja, ele prevê que o aumento seja de 0,24% em relação ao custo final da soja. Quanto ao trigo, que está em fase de colheita, a interferência deve ser menor.

Para o setor de fretes e cargas, o reajuste do diesel também modifica o preço final.

– O diesel é uma das variáveis mais impactantes para o segmento de carga, representando 30% do valor do frete. Então, quando você diz que vai reajustar em 5%, você está dizendo que isso vai dar um impacto de 1,5% no preço final do frete – afirma o conselheiro da Abralog, Ramon Alcaraz.

Algumas empresas repassam o valor, mas nem sempre isso é possível.

– Para aquelas empresas que conseguem repassar isso para o produto final, fica mais caro para o consumidor, mas a empresa de carga não sofre com isso. Para aqueles segmentos que não conseguem repassar – e hoje, em função de um crescimento muito baixo no país, grande parte das empresas não conseguirá repassar –, esse 1,5% representa muito. A margem de contribuição de uma empresa de transportes é de um dígito 5%, 6%, 7% a média; 1,5% para absorver isso significa reduzir as suas margens de contribuição na casa de 15%, 20% – pontua Alcaraz.

Para a presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina, o impacto será “virtualmente nulo” em relação à gasolina.

– Se tudo se mantiver como hoje, margem de distribuidor, margem de posto de gasolina, pode dar um aumento de R$ 0,4 por litro de gasolina. Então, acho que até para o consumidor é difiícil identificar esse aumento na bomba.

Elizabeth explica que o setor precisa é de previsibilidade da política de preços de combustíveis para que produtores e investidores possam se planejar.

– Não é só uma questão de quanto é, é uma questão de quais são as regras que sinalizam o comportamento desses preços para frente. Quanto é depende de muitas variáveis, de custo do lado do etanol, dos custos da produção de gasolina, da importação da gasolina, do comportamento do mercado internacional. Tudo isso é que compõe esse preço – finaliza a presidente da Unica.

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