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Retrospectiva: mercado de açúcar atinge mínimas de dez anos em 2018

Segundo o analista da Safras & Mercado Maurício Muruci, o mercado internacional caiu principalmente por conta de aumento expressivo na produção da Índia e também por perspectivas de ganhos na safra da China

colher mexendo açúcar
Foto: Pixabay/divulgação

O mercado internacional de açúcar passou por mais um ano de perdas em 2018, mantendo o pessimismo do ano anterior. Em 27 de dezembro, a cotação futura do açúcar bruto em Nova York era de 12,31 centavos de dólar por libra-peso, conforme os contratos com entrega em março de 2019, contra 15,69 centavos no mesmo período do ano passado, uma queda de mais de 21 por cento.

No dia 27 de setembro, na mínima do ano, a 9,83 centavos de dólar, a posição “spot” patamares mais fracos desde junho de 2008, pressionada pelo excesso de oferta global.

Segundo o analista da Safras & Mercado Maurício Muruci, o mercado internacional caiu principalmente por conta de aumento expressivo na produção da Índia e também por perspectivas de ganhos na safra da China. “Com a Índia produzindo 35 milhões de toneladas em 2018, superando as estimativas iniciais de uma safra de no máximo 32 milhões de toneladas, e agora com as excelentes chuvas de outubro e novembro no Centro-Sul do Brasil ajudando a
recuperar os canaviais para a próxima safra, as cotações futuras foram pressionadas, ao mesmo tempo em que os preços do mercado físico paulista tiveram um teto estabelecido em R$ 69,00 para a saca de 50 quilos do açúcar cristal, na referência de Ribeirão Preto”, disse ele.

Outro fator importante que manteve o mercado internacional em tom negativo em 2018 foi a China. Outrora a maior importadora de açúcar, agora o país asiático tem perspectiva de grande aumento na produção doméstica, que deve
alcançar 12 milhões de toneladas, contra 10,8 milhões de toneladas.

“Ultimamente a China tem fechado contratos diretos de importação com a Índia. Assim, de maior importador mundial, a China agora já é a segunda, e em breve deve tornar-se autossuficiente”, frisou Muruci.

Conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial de açúcar em 2018/2019 deve cair para 186 milhões de toneladas, nove milhões de toneladas abaixo do ano passado, principalmente por conta da queda no Brasil diante de condições climáticas desfavoráveis e de mais cana sendo direcionada para o etanol.

Os estoques globais, no entanto, devem atingir um recorde de 53 milhões de toneladas, fator que ajudou a derrubar as cotações internacionais ao longo de 2018.