Para Rodrigues, duas razões o levaram a deixar o conselho da Unica. A primeira é o fato de a entidade ter uma estrutura pequena, apesar da relevância para o setor produtivo de etanol e açúcar, e de não haver a necessidade de ter dois presidentes. Além dele, a Unica tem a ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Elizabeth Farina, como presidente executiva.
– A entidade comporta apenas um presidente, a Beth Farina faz muito bem esse papel e está muito bem relacionada com o governo – disse.
Outro motivo citado pelo ex-ministro para deixar a Unica foi o fato de ele ter cumprido duas missões traçadas ao assumir o cargo: resgatar a cobrança da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina e ainda o aumento da mistura do etanol anidro ao combustível de petróleo. Desde ontem, o governo passou a cobrar R$ 0,22 sobre a gasolina (valor dividido entre Cide e PIS/Cofins) e a presidente Dilma Rousseff deve autorizar o aumento de 25% para 27% na mistura à gasolina C a partir de 16 de fevereiro.
– Era o que precisava, mas acho que o mais importante é que ficamos quatro ou cinco anos sem acesso ao governo, com um trabalho bem feito apenas no nível técnico. Mas no dia seguinte após assumir o cargo, o ministro (da Casa Civil) Aloizio Mercadante nos chamou para conversar e o setor conseguiu reabrir canal com o governo para discutir papel da agroenergia na matriz energética – disse Rodrigues.
O ex-ministro disse, ainda, que contribuirá para o setor como coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (GVAgro). O substituto dele na presidência do conselho deliberativo da Unica deve ser um representante das usinas a ser escolhido nas próximas reuniões do grupo que comanda a entidade.
A Unica divulgou nota na noite desta segunda-feira, na qual afirma ter sido “surpreendida” com a decisão “pessoal” do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues de deixar o cargo de presidente do conselho deliberativo da entidade.
– Rodrigues cumpriu parte importante de sua missão de aumentar a competitividade do setor sucroenergético, com a volta da Cide e o aumento do PIS/Cofins na gasolina e no diesel, além do aumento da mistura de etanol na gasolina – afirma na nota.
Reunião com Alckmin
A decisão de Rodrigues será ratificada na assembleia dos associados nesta terça, dia 3, e o último evento oficial do ex-ministro será uma reunião do setor com o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB). Nessa reunião serão assinadas medidas para facilitar o cumprimento de obrigações contribuintes envolvidas com a produção de álcool, açúcar, melaço e energia a partir da biomassa. E também a medida que reduz de 18% para 7%, o ICMS incidente na saída interna dos produtos a seguir indicados, realizada pelo fabricante ou, mediante regime especial, pelos seus centros de distribuição.