Os números foram divulgados pelo secretário estadual de Agricultura, com base em estimativa do Instituto de Economia Agrícola (IEA).
– Estamos otimistas em relação a safra. Estamos estimando um crescimento em torno de 5% a 6% da produção da cana e isso se deve menos a fatores estruturais, que poderiam sinalizar uma retomada. Neste instante é mais pela questão climática. Houve um momento de chuvas adequadas, a cana está mais desenvolvida, então nós vamos ter um aumento de produtividade. Não temos nenhum avanço significativo em área e não temos nenhuma retomada mais vigorosa da reforma dos canaviais. Nós precisamos retomar a reforma dos canaviais e melhorar a produtividade agrícola, mas isso só se fará quando se tiver uma perspectiva mais segura de cenários futuros de preços de etanol e vai se desdobrar no açúcar – indica o secretário de São Paulo, Arnaldo Jardim.
Segundo especialistas, a próxima safra brasileira também deve ser mais alcooleira, na proporção de 59% de etanol e 41% de açúcar. De acordo com as principais consultorias especializadas no mercado, o país deve processar mais de 600 milhões de toneladas de cana-de-açúcar nessa safra.
– Porém, o desafio é moer essa quantidade de cana pelo atraso que nós tivemos nesse início de safra, pela previsão de chuvas que nós teremos no meio de safra e, especialmente, pelas manutenções precárias que as indústrias fizeram ou não fizeram. Nós acreditamos que haverá muitas paradas técnicas durante a safra, prejudicando o tempo de aproveitamento das indústrias e isso me faz projetar que das 600 milhões de toneladas existentes, nós devemos processar algo em torno de 580, 585 milhões de toneladas. Isso é 2% a 3% mais que o ano passado em termos de produção de açúcar – calcula Martinho Seitii Ono, da SCA Trading.
A previsão dos especialistas é de que sejam produzidos nesta safra 1,5 bilhão de litros a mais em relação à safra passada. Isso porque a demanda no mercado brasileiro de etanol está aquecida e o consumo subiu 40% desde o início do ano. A produção total deve ficar em 27 bilhões de litros. Já a produção de açúcar está projetada em 35 milhões de toneladas.
– Nós devemos ter uma safra igual a do ano passado, com um consumo maior. Portanto, nós estamos dizendo que do meio para o final da safra, quando o mercado consegue perceber que o consumo está maior que a oferta, você vai ter um aumento de preço e isso acaba reduzindo o consumo – projeta o presidente da Canaplan e da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa.
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) estima que se permanecer a atual conjuntura para o setor, pelo menos dez usinas fechem as portas no país este ano. Outras 60 já saíram da atividade nos últimos quatro anos. Uma das exceções nesse mercado é o grupo francês Tereos, que tem filiais no país. A aposta é de que a recuperação do setor aconteça no médio prazo.
– Eu acredito que a sinalização já está dada, de introdução da Cid, valorização do etanol em relação ao combustível fóssil e o aspecto social e ambiental que o etanol tem, nós teremos uma valorização disso e, inevitavelmente, trará novos investimentos. Mas no curto prazo eu vejo dificuldades – pensa o diretor da divisão Brasil do grupo Tereos, Jacyr Costa Filho.