Trabalhadores da indústria de cana-de-açúcar se preparam para manifestações e paralisações das atividades a partir do fim deste mês. O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação (CNTA), Artur Bueno de Camargo, afirmou que as negociações salariais evoluíram pouco e que a categoria vai, agora, mobilizar as bases.
“Montamos uma comissão para organizar as manifestações, que devem ocorrer nas empresas e também em frente às diretorias dos grandes grupos.” A previsão é de protestos nos dias 28 e 29 de junho em São Paulo, afirmou, sem projetar o tamanho da adesão ao movimento. Camargo lembrou, contudo, que a mobilização será nacional.
A CNTA se reuniu com demais federações na terça, dia 14, na capital paulista, um dia após o vencimento do prazo para que as companhias realizassem os reajustes salariais demandados. De acordo com o presidente da CNTA, os trabalhadores do setor sucroenergético pedem a reposição da inflação, com aumento de 10% nos salários. Só que as empresas estão oferecendo “entre 5,5% e 6%, pouco acima dos 4% oferecidos em maio”, destacou Camargo. “Está muito aquém do que os trabalhadores entendem como certo para fechar acordos.”
Para Camargo, eventuais paralisações terão impacto sobre o andamento da colheita da safra de cana 2016/17, que já tem sofrido percalços por causa de adversidades climáticas. A CNTA reúne 284 mil empregados.
Conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) compilados pelo Dieese e pela própria CNTA, o Brasil encerrou 2015 com 284.261 trabalhadores no setor sucroenergético, 6,3% menos (19.294 pessoas) na comparação com 2014. Além de representar o quarto recuo consecutivo, o total de empregados é o menor desde 2006. Só entre 2011 e 2015 foram cortadas 57.793 vagas.