Usinas do Centro-Sul do Brasil podem encerrar mais cedo a safra de cana-de-açúcar 2016/2017 e não correr risco de interromper os trabalhos por causa da chuva. Em outros anos o tradicional período de chuvas, que começa em outubro, gerava atrasos na colheita e, consequentemente, no término das atividades, mas nesta temporada a melhor situação financeira das usinas pode permitir a antecipação dos trabalhos.
“Vai depender da decisão estratégica de cada empresa, mas se as chuvas forem volumosas é possível que algumas decidam parar”, disse o analista de açúcar e etanol da INTL FCStone, João Paulo Botelho. Ele lembra que a recuperação do setor sucroenergético ainda é lenta, mas as empresas estão mais capitalizadas e podem prescindir do produto para processamento ainda este ano.
Novembro costuma marcar o fim da colheita de cana no Centro-Sul, porém nos últimos anos adversidades climáticas retardaram ou, em alguns casos, anteciparam o processo. Em 2014, por exemplo, o longo período de tempo seco permitiu encerrar a colheita na virada de outubro para novembro. Já no ano passado chuvas em excesso levaram as atividades a se estender até dezembro. Botelho disse que ainda é difícil fazer projeções a respeito do volume de cana bisada – aquela que deixa de ser colhida em um ano para ser retirada apenas no ciclo seguinte. De 2015 para 2016, “sobraram” aproximadamente 30 milhões de toneladas de matéria-prima.
No mês passado, a INTL FCStone cortou sua estimativa de moagem no Centro-Sul na safra 2016/2017 de 619 milhões de toneladas para 609,5 milhões de toneladas, com produção de 34,3 milhões de toneladas de açúcar e 26,8 bilhões de litros de etanol. Segundo a consultoria, o processamento menor resulta do clima instável neste ano, incluindo aí as geadas registradas em junho e julho.