O setor sucroenergético deve demandar um investimento de R$ 4 bilhões para ampliar a irrigação das lavouras de cana-de-açúcar nos próximos anos, segundo projeções do consultoria RPA.
O volume financeiro seria suficiente para ampliar em 800 mil hectares – de 1,2 milhão para 2 milhões de hectares – a área de cana irrigada no País, a um custo médio de R$ 5 mil por hectare.
– Dos 10 maiores produtores mundiais de cana, ranking liderado pelo Brasil com folga, a média de área irrigada nos outros nove países é de 30% dos canaviais. Mesmo com a ampliação, o País ainda ficaria atrás, pois sairia de 12% para 20% – disse Ricardo Pinto, da RPA Consultoria, organizador do 2º Seminário Brasileiro de Irrigação de Cana-de-açúcar com Água (Irrigacana), que ocorrerá entre amanhã (28) e quinta-feira (29) em Ribeirão Preto (SP).
Segundo o consultor, a demanda por irrigação em cana deve crescer a partir deste ano, com a melhora nos preços do açúcar, etanol e bioenergia e a volta dos investimentos para o setor sucroenergético.
– A prioridade passará a ser ganhar produtividade agrícola sem ampliar a área e isso tem de ocorrer com o uso da irrigação – afirmou.
Estados da região Nordeste e o de Goiás são os com maior área de cana irrigada, principalmente por conta da deficiência hídrica. Mas, para Ricardo Pinto, os novos investimentos devem ser canalizados, além de Goiás, para lavouras em Minas Gerais e Noroeste de São Paulo. Em regiões como sul Mato Grosso do Sul e no Paraná, com altos índices pluviométricos, a irrigação é desnecessária, segundo ele.
O investimento em irrigação de cana, de R$ 2 mil a R$ 12 mil por hectare, se paga a partir do segundo ano e traz um aumento da produtividade superior a 30%. Ou seja, a produtividade média dos canaviais no Centro-Sul pode saltar de 75 toneladas por hectare para 100 toneladas por hectare com a irrigação.
– A primeira lição de casa para produtividade de cana de três dígitos no Brasil é irrigar – concluiu o consultor.