A oferta de etanol hidratado está mais ajustada à demanda neste ano, e as cotações do biocombustível, utilizado diretamente no tanque dos veículos, dificilmente registrarão movimentos expressivos durante a entressafra de cana-de-açúcar, entre janeiro e março de 2017.
“O mercado está em equilíbrio e não sinaliza altas significativas”, afirmou o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues.
De acordo com o executivo, o valor do produto nas usinas, sem impostos, atingiu uma média de R$ 1,50 por litro nas últimas quatro semanas. Para os próximos meses, os contratos futuros da BM&FBovespa apontam para o litro a R$ 1,62 em dezembro, um pico de R$ 1,66 em janeiro e novo recuo, para R$ 1,64, em março, antes do início de mais uma temporada de cana no Centro-Sul do Brasil, disse Rodrigues.
A valorização sinalizada pelo mercado futuro contrasta com a registrada na última entressafra, quando o hidratado chegou a superar R$ 1,90 por litro. O reajuste feito pela Petrobras e a reintrodução da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina fizeram a demanda de combustíveis se voltar para o hidratado no ano passado, o que justificou a alta do álcool.
O consumo mensal do biocombustível chegou a bater recordes em 2015, com mais de 1,6 bilhão de litros. Segundo o diretor técnico da Unica, o cenário, agora, sugere demanda entre 1,2 bilhão e 1,3 bilhão de litros até o começo da safra 2017/2018.
Para ele, mudanças nesse padrão só ocorreriam via alterações na ordem do mercado. Mas, além de não haver no radar de curto prazo a possibilidade de reajustes na gasolina, também não há nenhuma possibilidade de revisões de safra pela Unica. “A moagem (de cana) continua confirmada entre 605 e 630 milhões de toneladas”, explicou.
Pelos dados mais recentes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) compilados pela Unica, o consumo de hidratado carburante no Centro-Sul totalizou 1,23 bilhão de litros em julho, acréscimo de 4,58% sobre o mês anterior. Em São Paulo, principal estado consumidor de etanol do país, as vendas alcançaram 751,98 milhões de litros, com incremento de 4,11% sobre junho.