Segundo Padua, o aumento se dará por causa da condição climática mais favorável para a cana na atual safra, mas terá ainda o componente de crise: o aumento de 2% na área a ser colhida. Isso acontece porque não houve renovação dos canaviais, quando parte da área deixa de ser plantada com cana para ser ocupada por outros produtos, em uma rotação de culturas.
– A safra será maior que a do ano passado por causa do canavial envelhecido, já que as condições financeiras não proporcionam a renovação necessária para a cultura. Muitos produtores não receberam sequer recursos de renovação e plantio liberados pelo BNDES em 2013 porque não houve dinheiro para equalizar a taxa de 5,5% de juros– disse Rodrigues.
Com isso, as usinas da região podem processar em torno de 592 milhões de toneladas de cana na safra iniciada em 1º de abril, ante os quase 575 milhões de toneladas da safra passada.
Na avaliação do diretor da Unica, os grupos de usinas mais capitalizados irão apostar na maior produção do açúcar em 2015/2016, enquanto os grupos menos capitalizados optarão pelo etanol em maior escala.
– Os mais capitalizados farão mais açúcar, pois podem estocar e esperar a melhora do preço da commodity e a valorização do dólar. Já os grupos menos capitalizados utilizarão o etanol pela maior liquidez financeira, para financiar a usinas – disse.
Segundo o executivo, todo incremento de oferta de cana na safra 2015/2016 irá para a produção do etanol hidratado, para suprir o aumento de demanda pelo combustível, em um cenário de consumo estável de açúcar e do etanol anidro. A demanda do hidratado virá, segundo ele, por causa principalmente do crescimento do consumo previsto em Minas Gerais, estado que aumentou de 25% para 29% o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da gasolina e reduziu de 19% para 14% o ICMS do etanol.
– O etanol hidratado tem uma participação de 12% no consumo em Minas e pode chegar a 30%. Isso geraria uma demanda de 1,5 bilhão de litros por safra só naquele Estado – estimou Rodrigues.
Já a demanda pelo etanol anidro ficará estável mesmo com o aumento da mistura de 25% para 27% do combustível à gasolina, já que os estoques estão altos no começo da safra e as exportações devem cair de 1,5 bilhão para 1 bilhão de litros.
Rodrigues considerou, ainda, que a crise do setor, com 60 usinas já fechadas e 70 em situação de insolvência financeira, pressiona as unidades a venderem o etanol a preços mais baixos, o que anulará o ambiente positivo, após o aumento na mistura e a alta no preço da gasolina.
– Para piorar, com o ajuste fiscal não haverá mais a linha de financiamento para renovação de lavoura nem para a estocagem – disse.