Volta de PIS/Cofins sobre etanol vai elevar preços e reduzir consumo

Segundo Grupo São Martinho, o retorno da cobrança ao produtor representará perda de produtividade na cadeia

Fonte: Divulgação/USP Imagens

etanol deverá ter, novamente, a incidência de PIS/Cofins, de R$ 0,12 por litro do hidratado, a partir de 1º de janeiro de 2017. O diretor financeiro e de Relações com Investidores do Grupo São Martinho, Felipe Vicchiato, avaliou nesta terça, dia 9, que o retorno da cobrança deve gerar aumento de preços ao consumidor e, consequentemente, reduzir a demanda pelo combustível às companhias.

Em abril de 2013, a presidente afastada Dilma Rousseff suspendeu o tributo cobrado ao produtor sobre o etanol como parte de um pacote de bondades ao setor, que incluiu o aumento da mistura do etanol anidro à gasolina de 20% para 25% à época. Hoje, a mistura está em até 27%.

“A volta da cobrança ao produtor significa perda de produtividade na cadeia, porque aumentará o etanol na bomba e reduzirá o consumo, trazendo um ajuste da demanda à oferta”, disse Vicchiato. Com isso, segundo ele, o Grupo São Martinho não deverá importar etanol até o final desta safra, como fez no último trimestre da passada, entre janeiro e março desde ano. 

No período, a companhia comprou 15 milhões de litros de etanol para suprir uma eventual falta do produto na entressafra, o que não ocorreu. Segundo o diretor, a operação foi feita também por outras grandes empresas do setor.

Com o retorno do PIS e da Cofins, o Grupo São Martinho não considera “por hora”, segundo Vicchiato, que o governo aumentará a cobrança da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), hoje em R$ 0,10 sobre a gasolina, o que seria uma alternativa de aumentar a receita para minimizar o rombo das contas públicas. “O que a gente sabe é que, olhando do ponto de vista de inflação, a Cide impacta no curto prazo e é mais carga tributária”, disse.

Vicchiato relatou ainda, em teleconferência com analistas, o sucesso na captação recente de R$ 300 milhões com Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), já que a demanda foi o dobro pelos papéis, mas admitiu que o crédito para companhias brasileiras ficou mais caro por conta da série recente de downgrades do país.

“Nós nunca tivemos problemas de acesso ao crédito, mas para o setor, de um modo geral, a percepção é de que os bancos não estão muito animados para aumentar valor e muito menos estender prazo”, concluiu.