Capacidade instalada das usinas permitiria produzir mais etanol, se houvesse rentabilidade

Segundo a Unica, o problema de produzir mais etanol, é exigir investimentos que muitas empresas não conseguiriam para bancar ampliação de canaviaisDados inéditos disponibilizados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), detalhando a capacidade instalada das unidades autorizadas a produzir etanol no país, mostram que seria possível aumentar a oferta de etanol, se houvesse mais cana para processar. O problema, na visão da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), é que produzir mais etanol na atual conjuntura, além de exigir investimentos que muitas empresas não conseguiriam bancar para ampliar canaviais, s

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Segundo os dados, divulgados no site da ANP, a capacidade instalada para produção de etanol, tanto anidro quanto hidratado, é maior do que a produção recorde registrada na safra 2013/2014, que deve atingir cerca de 12 bilhões de litros de anidro e 15 bilhões de litros de hidratado. No caso do anidro, a capacidade apontada pela ANP é de 101 milhões de litros diários, contra os 70 milhões por dia efetivamente produzidos na atual safra. No caso do hidratado, a ANP registra uma capacidade instalada de 198 milhões de litros diários, bem superior aos 90 milhões de litros produzidos na última safra.
 
– Os dados mostram que seria possível produzir mais anidro para dar conta, com folga, de um eventual aumento na mistura de etanol na gasolina para 27,5%, como vem sendo estudado pelo governo – diz a presidente da Unica, Elizabeth Farina.
 
Ao contrário do anidro, a capacidade industrial para produzir mais etanol hidratado não é utilizada devido a um conjunto de condições que tornam praticamente impossível dar vazão a essa produção adicional com rentabilidade.

– O hidratado concorre na bomba contra uma gasolina precificada artificialmente abaixo do que deveria custar, ficando o prejuízo para a Petrobras. Isso, aliado a políticas internas adotadas pelo governo como a eliminação da CIDE sobre a gasolina, tira a competitividade do hidratado na bomba – explica o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues.
 
Rodrigues acrescenta que ofertar mais hidratado sem qualquer medida que devolva a competitividade tomada do produto nos últimos anos, exigiria elevados investimentos para ampliar canaviais que só aumentariam as perdas dos produtores.

– É importante lembrar que a capacidade instalada para produzir hidratado apontada pela ANP, mesmo que utilizada por inteiro, o que seria altamente incomum em qualquer atividade industrial, não seria o suficiente para garantir uma produção de etanol que acompanhe as projeções de crescimento da demanda por combustíveis no país. Em algum momento, se quisermos atender à demanda esperada, temos que voltar a ter condições de investir para ampliar a oferta – concluiu.
 
Outro dado importante divulgado pela ANP mostra que a capacidade de estocagem de etanol nas usinas autorizadas a operar no País atinge quase 17 bilhões de litros em cerca de 2.200 tanques, total que representa mais de 60% de toda a produção de etanol da safra 2013/2014. Essa estrutura é fundamental para garantir a estabilidade do abastecimento, especialmente durante a entressafra, já que a capacidade de estocagem disponível nas distribuidoras de combustíveis é apenas de natureza operacional, para no máximo duas semanas de suprimento.
 
Os dados publicados pela ANP fazem parte das novas atribuições assumidas pela agência em 2011 e resultam de um esforço para cadastrar e autorizar as atividades das indústrias produtoras de etanol. As informações, detalhando as condições de produção de cada usina autorizada a atuar no país, estão disponíveis no site da ANP e serão atualizadas periodicamente.

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