Em Mato Grosso, as lavouras de milho safrinha ocupam 2,5 milhões de hectares, a maior área de todos os tempos, 43% superior à do ano passado. Todo espaço, somado às condições meteorológicas favoráveis à cultura, resultam em produtividade elevada, média de 87 sacas por hectare. Apesar do bom desempenho, em algumas regiões os agricultores temem faltar espaço para estocar a safra.
— É complicada a armazenagem, pois não tem armazém. Na região em volta de São José do Rio Claro não tem (armazém) — afirma o presidente do Sindicato Rural de São José do Rio Claro, Aparecido Rodrigues.
Quando se fala em perspectivas para os próximos anos, a preocupação com o assunto fica ainda maior. O incremento de tecnologia no campo e o esperado avanço logístico da região devem impulsionar gradativamente a produção de grãos e se a capacidade de armazenagem não acompanhar, o risco de faltar espaço para estocar safras futuras pode se tornar uma ameaça frequente.
Com a hidrovia Teles Pires – Tapajós, por exemplo, os custos de transporte em 38 municípios das regiões médio-norte e norte de Mato Grosso. O dinheiro poderia ser aplicado no campo, na conversão de áreas de pastagem em terreno fértil para a agricultura. Pelas contas do Movimento Pró-Logística, 5,4 milhões de hectares estariam aptos para produzir grãos nestes locais. Espaço suficiente para ampliar a produção de soja em 16 milhões de toneladas e a de milho em 13 milhões de toneladas por safra.
— O crescimento da produção de grãos em Mato Grosso é garantido. As obras de infraestrutura logística, rodovia, ferrovia e hidrovia vão fazer o Estado sobrar sua produção de soja e vai mais que triplicar a produção de milho. Aí vai precisar de armazéns — diz o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Carlos Fávaro.
Hoje, a capacidade dos silos instalados na região médio-norte do estado, principal produtora de grãos, é de 9,5 milhões de toneladas. Levando em conta o chamado “um tombo e meio”, que estima o movimento de entrada e saída dos produtos colhidos em épocas diferentes, o espaço é suficiente para abrigar pouco mais de 14 milhões de toneladas, volume inferior à soma das produções de soja e milho colhidos este ano na região, que pode atingir quase 15 milhões de toneladas.
A Aprosoja sabe que custa caro construir armazéns e aponta a soma de esforços no campo, como o caminho a ser seguido.
— Todo Estado de Mato Grosso vai precisar de muita infraestrutura de armazém. Alguns grandes produtores têm oportunidade de fazer por conta própria. Algumas tradings também vão fazer, mas o produtor também pode fazer sua parte se unindo. Os pequenos, médios e grandes produtores através de cooperativas organizadas, podem construir as suas infraestruturas e ter a sua safra na sua mão — afirma Fávaro.