Capacitação viabiliza agricultura de precisão e gera boa produtividade

Senar-MT cria qualificação profissional para formar mão-de-obra especializada em agricultura de precisão, para que os técnicos saibam usar os dados a favor do produtor

Fernanda Farias | Mato Grosso

Em Mato Grosso, a agricultura de precisão vem produzindo lavouras mais uniformes e produtivas. Porém, é uma técnica que precisa de mão-de-obra qualificada. Para conscientizar o produtor, o Senar-MT levou palestra a diversas cidades do Estado e implantou o curso de qualificação em agricultura de precisão.

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A carga horária do curso será de 120 horas. O aluno vai aprender a operar equipamentos para aplicar o calcário necessário para a correção do solo, aplicação de adubos e defensivos, principalmente como gerir os dados obtidos pelos equipamentos.

– Agricultura de precisão gera dados importantes, mas você precisa da gestão dessas informações. Você vai pegar aqueles mapas e transformar isso em informação. Tomar uma decisão estratégica, que será conjunta entre produtor, técnico e o agrônomo da propriedade – pontua o superintendente do Senar-MT, Tiago Mattosinho.

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A quantidade de potássio aplicada na lavoura de 3500 hectares do produtor João Luiz Lazarotto, em Tapurah (MT), foi calculada de acordo com a necessidade para cada parte do talhão.

– Quando o produtor procura a agricultura de precisão, ele quer saber por que uma mancha tem um rendimento e a outra não tem igual. “Aqui colhemos 70 sacos, por que em outra parte só 40?”. A agricultura de precisão veio para ter uniformidade. Se não há uniformidades, alguma coisa pode estar acontecendo – explica o engenheiro agrônomo Júlio César Ferraz.

As informações programadas no computador de bordo das máquinas foram dispostas no mapa de fertilidade da propriedade, após análise do solo. Assim a fazenda de Lazarotto só recebe a quantidade dos produtos que realmente necessita.

– A produção aumentou de quatro até cinco sacas nos últimos anos, depois que eu comecei com a agricultura de precisão. Outra vantagem, a gente tinha muita mancha e achávamos que faltava calcário. Na verdade, tinha calcário demais. Os talhões também estão mais uniformes – comemora o produtor rural.

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A agricultura de precisão é feita há quatro anos na fazenda. Para implantar a tecnologia, o agricultor gastou cerca de R$ 30,00 por hectare. Hoje, o investimento representa 20% do custo total de produção, considerando um planto de quatro anos de execução. Um investimento alto e que precisa de mão-de-obra especializada para interpretar os dados obtidos. Por isso a qualificação se torna tão importante.

– Você precisa interpretar os mapas, entender melhor a lavoura, baseado nas informações que as máquinas vão te dar. Esse é o momento que a agricultura brasileira está começando a se preparar para uma próxima fase – comenta o pesquisador da Fundação Sunji Nishimura Carlos Henrique Augusto.

Depois de três safras fazendo agricultura de precisão em 1500 hectares de soja, o produtor Silvésio de Oliveira optou por apenas fazer adubação de manutenção. Com isso, ele economiza R$ 60,00 por hectare. Fez isso conscientemente, pois agora conhece melhor as condições de fertilidade do solo.

– Eu dispensei assistência técnica, não estou fazendo taxa variável. Estou usando as informações que eu tenho e o histórico da área dos últimos três anos. Mudou que a gente racionaliza o uso dos insumos – afirma.

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