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Carne uruguaia toma espaço na mesa dos gaúchos

Situação preocupa produtores do Estado, mas analistas prevêem retraçãoBoa parte da carne consumida pelos gaúchos hoje é oriunda de animais criados no Uruguai. A retração do mercado internacional de carne derrubou preços do gado no país vizinho, tornando-os menores do que no Brasil. A situação fez com que mais de 50 mil cabeças uruguaias tenham entrado no Rio Grande do Sul para abate desde o início de novembro.

Dados do Ministério da Agricultura indicam que do começo do mês passado até meados de dezembro foram registrados pedidos para o ingresso de 63.220 animais do país vizinho destinados a frigoríficos brasileiros, especialmente gaúchos. Em todo o ano de 2008, a quantidade de bovinos envolvidos chegou a 87.520, dos quais cerca de 10% não entraram efetivamente (a estatística envolve apenas a solicitação de importação para abate). O número é três vezes maior do que o registrado em 2007 ? 21.632 animais.

Como o gado uruguaio estava entrando por um preço menor do que o do gaúcho, a situação preocupou os produtores. No entanto, na avaliação de Carlos Simm, diretor da Federação da Agricultura do Estado, a tendência é de que a importação de animais não prossiga.

? O Uruguai depende muito da exportação de carne, especialmente para Europa. Com a recessão, eles estavam encontrando dificuldades para vender. A saída foi enviar gado para o Rio Grande do Sul. Isso foi muito forte em novembro, mas diminuiu em dezembro, porque os preços se recuperaram por lá e os negócios como Exterior estão sendo retomados ? afirma.

Pelo menos cinco frigoríficos gaúchos estão se abastecendo no Uruguai, de acordo com o Ministério da Agricultura. No frigorífico Mercosul, com cinco plantas no Rio Grande do Sul, cerca de 20% das 2 mil cabeças abatidas diariamente, em média, são uruguaias. O diretor da empresa, Mauro Pilz, informa que, além de preço menor, o gado uruguaio costuma ter alta qualidade e maior valorização no couro, devido a um manejo mais adequado no campo.

No frigorífico Silva, de Santa Maria, aproximadamente 60% das cerca de 400 cabeças de gado abatidas por dia são provenientes do Uruguai.

? Há pouca oferta no mercado interno, o gado uruguaio entra mais barato e tem um acabamento em geral melhor ? diz o diretor Cleber Silva.

O diretor-executivo do Sindicato da Indústria da Carne do Rio Grande do Sul, Zilmar Moussalle, lembra que o gado uruguaio é todo rastreado, tem padrão racial e se constitui em alternativa para produção de carne de qualidade no Estado. Os frigoríficos não informam por quanto estão comprando os animais estrangeiros. Do início de novembro até semana passada, o preço médio do quilo vivo do boi gordo no Estado caiu de R$ 1,70 para R$ 1,5. Simm, porém, afirma que o movimento tem pouca relação com a entrada de gado uruguaio.

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