Pecuária

Carnes: demanda será firme para o mercado brasileiro mesmo com coronavírus

Além disso, de acordo com diretor-presidente da Frigol, Luciano Pascon, a dificuldade em restabelecer o plantel de suínos na China continuará sustentando as exportações

Frigoríficos do Brasil acreditam que o surto do novo coronavírus pode aumentar as exportações de carne para a China. A informação foi divulgada nesta quinta-feira, 30, pela agência de notícias Reuters.

De acordo com o CEO global da BRF, maior exportadora global de frango e uma das maiores companhias de alimentos do mundo, Lourival Luz, a doença pode ampliar as vendas de carnes congeladas e processadas para o mercado chinês. Segundo ele, o aumento deve-se a insegurança alimentar no país.

Já o CEO global da JBS, uma das maiores exportadoras de carne bovina, Gilberto Tomazoni, disse que espera que os impactos de uma outra doença, a peste suína, que dizimou o rebanho suíno chinês, atinja o auge sobre o mercado global de carnes em 2020.  As importações chinesas de carne brasileira já saltaram em 2019 após o surto da doença.

Para o diretor-presidente da Frigol, uma das grandes empresas brasileira de exportação animal, Luciano Pascon, no mercado a expectativa é que em 2020 o cenário seja ainda mais positivo do que em 2019, mesmo com o surto coronavírus que se propaga no continente asiático.

“Sem dúvida a demanda do mercado chinês já é grande. De qualquer maneira a gente sempre achou que 2020 seria o momento de pico de demanda do mercado chinês. Com o coronavírus, que traz uma insegurança alimentar, com uma dificuldade de implantar o plantel de suínos na velocidade que o governo chinês pretendia, isso deve alimentar ainda mais essa demanda de carne bovina, ou proteínas de animais de maneira geral. Então enxergamos algo positivo nisso”, afirma Pascon.

Pascon explica ainda que a prorrogação do feriado na China, provocou algumas mudanças no comércio. “Neste momento, o problema do coronavírus associou-se a questão do Ano Novo Chinês, onde há naturalmente uma redução dos negócios, devendo retornar ao ritmo normal logo após o feriado no país, na outra semana. É um momento pontual em que as negociações reduzem o ritmo”, diz.

Contudo, o diretor-presidente faz uma ressalva. “É importante lembrar que esses retornos nunca são os maiores volumes vistos no ano, já que eles são construídos por uma rampa de crescimento. A expectativa é que a partir de fevereiro esse número passe a ser consumado e ao longo dos próximos meses essa demanda se torne consistente com a volta dos volumes nos patamares anteriores. Até porque a redução do rebanho deles ainda não foi controlada”, afirma ele.