Caso aconteceu em Jaciara (MT), onde chegou a acumular 80 milímetros de chuvas em apenas uma hora. Nem as curvas de nível conseguiram evitar os danos alagada
Pedro Silvestre, de Jaciara (MT)
No município de Jaciara, na região sul de Mato Grosso, o excesso de chuvas tem atrapalhado o plantio da safra e causado prejuízos nas áreas de soja já germinadas. Infelizmente, já tem produtor contabilizando perdas.
Logo na chegada, em uma propriedade em Jaciara, a cena é triste e desoladora para qualquer produtor. O que parece um enorme lago é, na verdade, uma área de soja alagada. Segundo o gerente técnico da fazenda, Antonio Huber, o volume de chuvas foi tão grande, que mesmo com as curvas de nível, a lavoura acabou ficando embaixo d’água.
“Recebemos pancadas muito pesadas, chegando a 80 milímetros acumulados em um dia apenas. Já temos algo próximo a 500 milímetros acumulados do dia 15 de setembro para cá. Com isso, tem soja perdendo já. Replantio não será feito nessas faixas porque atrapalhará na hora da colheita. Acredito que as perdas nessas áreas são consideráveis, em torno de 3%”, conta Huber.
Além dos prejuízos na lavoura recém-germinada, o tempo chuvoso também atrapalhou o cronograma da fazenda. A ideia de já concluir o plantio dos 3,6 mil hectares destinados à soja, precisou ser adiada. Além disso, segundo o gerente, outra preocupação é com o manejo preventivo da lavoura.
“Tem um pouco de erosão devido às chuvas serem muito fortes. As aplicações de pós emergência na soja serão atrasadas. Tem algumas lavouras que já estão com problemas de lagartas e não se consegue entrar fazendo isso, devido o excesso de chuvas”, diz Huber.
O presidente do Sindicato Rural de Jaciara, Rogério Berwanger, comenta que antes de a safra iniciar o receio era pela falta de chuvas, mas a previsão mudou e os temporais trouxeram dor de cabeça. “Chuva forte faz estrago. Leva o adubo, leva a semente, faz erosão na lavoura e as vezes fica inviável fazer o reparo. O prejuízo é certo, atrapalha e o produtor fica preocupado porque pode ser um ano de algumas muitas chuvas”, diz.
Berwanger ainda afirmou que o tempo surpreendeu até no calendário de plantio. Segundo ele, mais de 70% dos 45 mil hectares destinados a soja no município já foram cultivados. Um cenário bem diferente do ano passado..
“No ano passado o plantio teve início em meados da segunda quinzena de outubro. Esse ano já começou em setembro e a chuva foi regular. Teve muita gente que só conseguiu cultivar depois do dia 19 e esse ano conseguiu plantar depois do dia 25 de setembro. Então até está surpreendendo porque as previsões não eram essas”, afirma.