Propriedade teve 96 hectares atacados pelo fungo, área representa menos de 2% da fazenda; produtor pretende dessecar e colher talhões infectados para não espalhar a doença
Marcelo Lara | Tapurah (MT)
Uma propriedade no município de Tapurah serviu de alerta para uma doença que vem preocupando os produtores da região do médio norte de Mato Grosso, a antracnose. Uma doença que, se não for controlada, pode se espalhar rapidamente, com perdas irreversíveis na lavoura de soja.
• Antracnose é doença de difícil controle e danos são irreversíveis
Cerca de 96 hectares, ou 2% dos 4500 hectares do produtor João Luiz Lazarotto chamaram a atenção da Defesa Vegetal do Estado. As plantas desse perímetro desenvolveram a antracnose, uma doença fungica que seca as folhas e as vagens da soja.
– A parte mais atacada que nós notamos foi na época de enchimento de grão. Quando começou a encher os grãos, foi que ela entrou com força mesmo. Sempre teve uma mancha ou outra no período vegetativo, mas este ano foi a primeira vez que estou enxergando na minha lavoura – comenta.
Pelo histórico desta área, o produtor plantou soja no sequeiro em outubro de 2013 e colheu em janeiro deste ano. Fez segunda safra de soja e colheu em maio, respeitou o vazio sanitário e voltou a plantar soja no dia 17 de setembro. O plantio embaixo do pivô de irrigação ia muito bem, mas, nos últimos 20 dias, a antracnose se espalhou pelos talhões e as perdas na área de 96 hectares já chegam a 30%.
Não ter feito rotação de cultura é um fator que colabora com a antracnose, mas ele não acredita que, neste caso, tenha sido a causa principal de uma infestação tão agressiva.
– Tivemos outras áreas em que fizemos safrinha e a incidência está bem menor. Eu acredito que possa ser um pouco a rotação (de culturas), mas aqui sempre foi soja e milho, soja e milho. Este ano apenas que foi feito soja, não acredito que de um ano para o outro aumentasse a doença assim – explica.
• Primeira colheita da safra 2014/2015 em Campos de Júlio (MT)
Lazarotto utilizou a cultivar convencional, e plantou com um bom espaçamento, cerca de 50 cm e fez o tratamento das sementes.
– Foi feito o tratamento com fungicida e inseticida, dentro do período indicado. Neste pivô (em que a doença apareceu), estamos na terceira aplicação – afirma o produtor.
O produtor busca uma explicação para o prejuízo que passa de R$ 800,00 por hectare. Fatores como a chuva acima da média nos últimos 30 dias, a qualidade da semente podem influenciar, mas ele aposta que pode ter sido o plantio mais cedo, é a única área plantada no mês de setembro. Para evitar que a doença se espalhe, o produtor João Luiz Lazarotto vai dessecar o talhão contaminado e colher já na próxima semana.
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