A explosão do número de doentes se deve, sobretudo, aos dias de calor intenso, só amenizados por chuvas constantes.
? Em períodos muito quentes e chuvosos, aumenta o número de criadouros do mosquito, em poças de água e nichos. E no calor, o mosquito Aedes aegypti se torna mais ativo. Associado às altas temperaturas, há um fator comportamental. Hoje em dia a movimentação de pessoas é muito grande, criando um cenário propício para o aumento dos casos ? explica Jair Ferreira, epidemiologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Seis Estados já integram a lista da epidemia de dengue: Acre, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia. Em São Paulo, a estimativa do governo estadual é de que os casos já passam de 7 mil neste ano ? quase o número registrado em todo 2009. Em Mato Grosso do Sul, há 43 cidades com incidência considerada alta: maior do que 300 casos por 100 mil habitantes. No Paraná, já foram feitas três mil notificações da dengue neste ano, com 530 confirmações ? em 2009, foram 893 casos confirmados o ano inteiro. A primeira morte do Estado, em Londrina, foi confirmada nessa quinta, dia 25 ? algo que não ocorria desde 2002. No Rio Grande do Sul, o Hospital de Caridade de Ijuí reservou na quinta uma ala com 50 leitos a pacientes com suspeita de dengue. Onze dos leitos já estavam ocupados.
A possibilidade de o vírus dos casos registrados em Ijuí ser de uma tipagem diferente da do surto que atingiu Giruá em 2007 é outro fator preocupante, como mostra o exemplo do Paraná.
? Quando há mais de um tipo de vírus em circulação juntos, e no Paraná estão circulando os três, aumentam as chances de uma pessoa sofrer uma segunda infecção por uma cepa diferente de vírus e desenvolver a dengue hemorrágica, em que, de cada cinco casos, três resultam em óbito ? diz o secretário estadual de Saúde, o médico sanitarista Gilberto Martin.