? O Pacífico teve fases de aquecimento entre 1925 e 1946 e entre 1977 e 1998. Esfriou entre 1947 e 1976 e está esfriando nos últimos dez anos. Esses ciclos coincidem com momentos de alta e baixa das médias de temperatura ? disse.
De acordo com ele, no entanto, os fenômenos não tinham conseqüências tão importantes em décadas passadas, no Brasil, porque a concentração populacional nas cidades era bem menor. Nas áreas urbanas impermeabilizadas, segundo ele, uma chuva de 100 milímetros provoca um fluxo d’água de 100 mil metros cúbicos a cada quilômetro quadrado.
? Hoje, 80% da população está nas cidades, que absorveram essa população sem planejamento urbano. Para consertar isso, serão necessários investimentos muito maiores do que os recursos necessários para o planejamento há 30 ou 40 anos ? disse.
Segundo Molion, é preciso que as cidades pequenas e médias comecem a se planejar a partir de agora. Para ele, seria preciso investigar melhor a dinâmica da várzea dos rios e estudar as séries históricas de registros hidrológicos e meteorológicos a fim de entender o tempo de retorno de chuvas fortes, acima de 100 ou 200 milímetros.
? Temos cerca de 250 municípios com mais de 100 mil habitantes. A grande maioria dos mais de 5 mil municípios do país está começando a crescer. Seria aconselhável pensar em medidas de planejamento para minimizar problemas do tipo no futuro ? afirmou.
Fatores externos
Para o professor titular do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, Oswaldo Massambani, não há dúvida de que o clima global passa por uma fase de abrupto aquecimento e que os distúrbios são causados pela atividade antropogênica.
? Cresceu muito a capacidade científica para entender o clima global. De fato, os modelos climáticos têm deficiências, porque são modelos matemáticos que tentam representar fenômenos de um sistema complexo. Mas à medida que se associam vários modelos e cenários eles se tornam mais precisos ? afirmou.
? A relação de causa e efeito entre a temperatura e as emissões de dióxido de carbono não é algo claro, mas há, sem dúvida, uma relação de associação entre os dois fatores. Já a vulnerabilidade aos eventos extremos é de fato uma questão de natureza política ? disse.
Causas da tragédia em Santa Catarina ainda são uma incógnita
Especialistas apontam o fracasso das políticas de urbanização um dos principais motivos para os milhares de desabrigadosA relação entre as mudanças climáticas globais e os fenômenos que deixaram mais de uma centena de mortos e cerca de 80 mil desabrigados em Santa Catarina é ainda uma incógnita. Mas a relação entre a tragédia e o fracasso das políticas de acesso à moradia e de ocupação do espaço urbano é uma certeza, de acordo com Wagner da Costa Ribeiro, professor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP). Durante o seminário "Controle de Enchentes - 10 Anos do Plano Diretor de Macrodrenage