A consultoria Céleres revisou para cima suas previsões de área e produção de soja na safra 2015/2016 do Brasil. Segundo a Céleres, a área a ser semeada deve ser de 33 milhões de hectares, aumento de 3,5% ante o ciclo anterior. No levantamento de novembro, a consultoria projetava 32,8 milhões de hectares. Para a produção, a perspectiva agora é de que o Brasil supere 100 milhões de toneladas de soja, com colheita estimada em 101,8 milhões de toneladas, o que representaria incremento anual de 4,5%. Há um mês, a expectativa era de 98,9 milhões de toneladas.
Quanto à produtividade das lavouras brasileiras, a Céleres prevê aumento de 1% ante 2014/2015, para 3,08 toneladas por hectare. “Apesar da intensificação das quedas das cotações internacionais, o cenário de preços foi amplamente favorecido pela manutenção do real desvalorizado, o que estimulou ainda mais a expansão de área destinada à oleaginosa na temporada 2015/2016”, assinalou a Céleres. Conforme a consultoria, boa parte do avanço da soja se dará às custas de áreas anteriormente destinadas ao milho verão.
Ainda segundo a Céleres, volumes consideráveis da safra a ser colhida já foram fixados nos meses de julho e agosto de 2015, inclusive por valores maiores do que os observados na temporada passada. “Isso deverá garantir margens favoráveis ao sojicultor, mesmo com o aumento dos custos de produção, e dar maior segurança para avançar na cultura.” A consultoria fez a ressalva de que ainda é preciso monitorar os atrasos no plantio por causa da irregularidade das chuvas e o panorama climático nos meses de janeiro e fevereiro, “decisivos para o alcance do potencial produtivo”.
Do lado da demanda, a perspectiva é de que o Brasil exporte 56,5 milhões de toneladas de soja em 2016, ante as 54,3 milhões de toneladas estimadas para este ano. A Céleres ponderou ainda que o câmbio também deve estimular a produção de carnes brasileira, o que tende a impulsionar o esmagamento de soja. A previsão é de que o processamento tenha incremento de 4,5% ante 2015, para 56,5 milhões de toneladas.
A Céleres projeta ainda pressão sobre os preços no médio e longo prazos em consequência da safra cheia nos EUA, que abasteceu os estoques mundiais, da expectativa de safras maiores no Brasil e na Argentina e do “crescimento econômico adverso”, com menor crescimento nas economias emergentes, dólar valorizado e juros norte-americanos com viés de alta.
Algodão
A consultoria Céleres manteve as suas estimativas para a área plantada e a produção de algodão na safra 2015/16. De acordo com a consultoria, a área a ser semeada deve somar 967,8 mil hectares, queda de 2,6% na comparação com a temporada anterior. Apesar do recuo no plantio, a produção de algodão em pluma deve atingir 1,57 milhão de toneladas, incremento de 2,4% ante 2014/15. O aumento deve resultar da maior produtividade da safra brasileira, que, conforme a consultoria, deve chegar a 1,6 tonelada/hectare (+5,1%). Na avaliação da Céleres, mesmo com o suporte da desvalorização cambial neste ano, os baixos preços internacionais deverão desestimular, mais uma vez, o plantio da cultura.
Entretanto, o clima na Bahia preocupa os produtores do estado. “A falta de chuvas regulares e a alta temperatura neste fim de ano, resultante da influência do El Niño sobre a região norte e nordeste como um todo, deverão propiciar perdas produtivas, se não houver melhores condições climáticas no início do próximo ano”, apontou.
Milho
A Céleres revisou para cima sua estimativa para a área de milho segunda safra 2015/16 no Brasil. Conforme o 5º acompanhamento de safra, a projeção de área foi elevada para 9,86 milhões de hectares, 6,9% superior à de 2014/15. Em outubro, a estimativa era de que seriam semeados 9,64 milhões de hectares.
“Com o aumento de área destinada à soja, é esperado que os produtores utilizem ao menos parte dessa para o plantio da safra de milho no inverno, como forma de maximizar seu principal fator de produção”, diz a Céleres no relatório. A produção estimada é de 58,2 milhões de toneladas, incremento de 5,5% na comparação com a temporada passada. O rendimento deve ser de 5,9 toneladas por hectare.
Ainda de acordo com a Céleres, as exportações esperadas para 2015 são de 25 milhões de toneladas e para 2016 de 26 milhões de toneladas. Já os estoques finais do próximo ano devem ficar em 14 milhões de toneladas, queda de 20% em relação à safra anterior.
Segundo a avaliação da consultoria, este cenário deve aliviar a pressão dos preços internos no fim de 2016. “No entanto, é importante ressaltar que os ainda altos estoques mundiais de milho deverão limitar valorizações nos preços internacionais do cereal”, aponta o relatório.
A Céleres manteve suas estimativas para a safra verão, com área de plantio de 5,68 milhões de hectares (-5,5%) e produção de 29,3 milhões t (-5,1%). A semeadura da safra verão estava em 81,6% até a última sexta-feira (27), quatro pontos porcentuais atrasado em relação a 2014/15. O destaque positivo é a região Sul, que desde o início do plantio contou com boas chuvas, afirma a Céleres.
Para o Sudeste, apesar do início mais turbulento devido à baixa umidade, há recuperação de parte do atraso nas últimas semanas, dado o retorno das chuvas.