MERCADO

Cenário de preços para o milho é mais negativo do que o da soja

Analista da Grão Direto explica como o fator climático e a super oferta tendem a mexer com os preços da oleaginosa e do cereal no Brasil

A Bolsa de Chicago teve quatro sessões seguidas de alta para a soja. Contudo, fechou em baixa nesta terça e quarta-feira (29 e 30). De acordo com o analista de Mercado da Grão Direto, Ruan Sene, isso aconteceu pela indecisão do mercado. Assim, na falta de onde apontar, decidiu apenas realizar lucro.

“Neste momento, os números da produção norte-americana estão, de certa forma, sendo ajustados dia após dia, principalmente após o Crop Tour, que trouxe uma diminuição [na produção esperada], principalmente se comparada à projeção do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Esse fator levou às quatro altas seguidas de Chicago”.

No entanto, Sene destaca que os Estados Unidos caminha para uma produção satisfatória, apesar das adversidades climáticas que estão acometendo a cultura. 

Derivados da soja

soja, óleo, farelo, exportação, fórum
Foto: United Soybean Board/CCommons

O analista ressalta que os movimentos de baixa ou alta do grão de soja afetam, diretamente, os seus derivados. Entretanto, o óleo de soja tem um cenário um pouco mais negativo em relação ao farelo.

“Isso porque os estoques norte-americanos estão cada vez mais baixos e a demanda vem aumentando de forma exponencial nas últimas semanas, de acordo com o último relatório do Nopa (Associação Nacional de Processadores de Sementes Oleaginosas)”.

Queda do milho

preços, crédito rural, milho
Foto: Sistema Famasul

Sene considera que o cenário externo que atinge a soja incide da mesma forma no milho. “O clima é o principal fator que o mercado vem observando de perto. Também houve uma redução na projeção inicial de produção, mas, ainda assim, se encaminha para a segunda maior produção de milho da história dos Estados Unidos”.

De acordo com o analista, a situação do milho brasileiro é mais complicada do que a da soja em questão de preço. “O Brasil ainda está colhendo a segunda safra de uma super safra de milho, que trouxe muita oferta para o mercado e esse milho precisa ser negociado”.

Assim, muitos produtores estão optando por armazenar o cereal na expectativa de preços melhores mais à frente. “O que vai demandar a volatilidade ou a valorização dessas cotações é a demanda externa, que vai ditar os preços nos próximos meses. Há esperanças nesse sentido, mas nada confirmado, é apenas um movimento natural”.