Centenas de agricultores gaúchos ocupam pavilhão onde Dilma Rousseff deve discursar nesta sexta

Cerca de 300 agricultores familiares estão na Fenac, em Novo Hamburgo; eles pedem uma posição do governo federal em relação aos conflitos com indígenasCentenas de agricultores familiares do Norte do Rio Grande do Sul ocupam na manhã desta sexta, dia 11, a Fenac, em Novo Hamburgo, onde a presidente Dilma Rousseff deve fazer um discurso por volta das 17h, durante a formatura de 870 alunos do Programa Nacional de Ensino Técnico Profissionalizantes (Pronatec). Os trabalhadores pedem uma posição clara do governo federal quando à disputa agrária com indígenas que ocorre em diversas regiões do Estado.

– Famílias estão vivendo um momento de tensão, pânico e insegurança muito grande. Ninguém sabe o que vai acontecer daqui para a frente. Queremos uma posição do governo. Muitas terras foram compradas há mais de cem anos, têm títulos, não é o caso de grilagem, como muitos pensam, mas de agricultores familiares. Já fizemos inúmeras audiências com ministros e existe um processo de negociação, mas nada sai do papel – afirma a coordenadora estadual da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), Cleonice Back. Ela estima que cerca de 300 agricultores estejam no local.

Segundo Cleonice, a Fundação Nacional do Índio (Funai) estuda a criação de 16 novas áreas indígenas, o que pode atingir cerca de 10 mil famílias de agricultores. Ela cita que as situações de maior conflito são nas áreas de Passo Grande do Rio Forquilha e Mato Preto, onde a implantação de reservas indígenas deixaram  512 famílias em situação de insegurança. Juntas, as terras correspondem a mais de seis mil hectares. A representante da Fetraf ressaltou que já existe portaria delaratória na Justiça, mas que as áreas ainda não foram demarcadas.

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O advogado da Fertraf, Alexsander Picolo da Rosa, sinalizou que a entidade está em negociação com o assessor diretor da Secretaria-Geral da República, José Claudionor Vermohlen, para que os agricultores consigam conversar com a presidente Dilma nesta tarde.

– É um impacto social e econômico muito grande. No momento em que você retira um agricultor de uma propriedade, com uma idade mais avançada, o que resta para essa pessoa no dia a dia? Ele vai perder, além da propridade, sua profissão, e não terá de onde tirar sustento – destaca.

O advogado acrescenta que a promessa de suspensão do processo de identificação e demarcação de áreas indígenas do Norte do Estado, posição dada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e pela ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, não foi posta no papel.

– É um caso insegurança jurídica, muito é prometido, nada é concretizado.

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