O produtor rural Eduardo Elias Ebrahim é um dos poucos agricultores mineiros que apostam na cultura do trigo. Para ele, um dos motivos do desinteresse de parte dos produtores seria a falta de informação.
? A maior parte do produtor não tem experiência com plantio irrigado na região, é falta de informação. E apesar de a gente produzir 10% do consumo do Estado, às vezes tem dificuldades na comercialização ? diz Ebrahim.
As dificuldades encontradas na safra com plantio irrigado são ainda maiores quando o cereal é produzido sem irrigação.
No sistema irrigado Minas Gerais, há entre 15 e 20 mil hectares plantados de trigo. Já no sistema de sequeiro, ou safrinha, são poucas as áreas. No ano passado, por exemplo, apenas as regiões do Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro e sul do Estado tiveram áreas sem irrigação, o que não chegou a cinco mil hectares.
O plantio de sequeiro, que é feito entre fevereiro e março, é considerado de alto risco, porque o rendimento dos grãos está associado à quantidade de chuvas. Ao mesmo tempo o trigo é uma das culturas que deixam uma melhor cobertura de solo para o sistema de plantio direto no Cerrado. Para diminuir riscos e incentivar a produção durante o período de entressafra, a Embrapa, em parceria com a Epamig, vai trabalhar na pesquisa de variedades especialmente para o Cerrado. As duas instituições vão criar um centro de pesquisas sobre o grão.
? Hoje a implantação e o desenvolvimento de pesquisa na área de trigo vem como mais uma alternativa pra rotação, para sucessão de culturas e tecnologias para que realmente esse ambiente passa a ter a possibilidade de uma agricultura sustentável ? diz o técnico da Epamig Reginério Soares de Faria.
O Núcleo Avançado de Pesquisa do Trigo vai ser instalado em uma área de Chapadão, a 25 quilômetros de Uberaba. Apesar de começar a atuar em 2012, a unidade terá áreas de testes plantadas ainda esse ano em propriedades que já cultivam trigo irrigado.
? A Secretaria de Agricultura e a Prefeitura de Uberaba estão dando todo o apoio ao grupo de pesquisa para que seja iniciado nas fazendas dos agricultores que já trabalham com trigo, então eles não vão ter que esperar 2012 para instalar variedades que eles querem colocar no comércio ? explica o secretário de Agricultura de Uberaba, José Humberto Guimarães.
Cinco pesquisadores devem coordenar o trabalho.
? Quando você implanta uma cultura, os problemas com certeza virão de pragas e doenças, então nós estaremos na retaguarda para dar soluções a esses possíveis problemas que aconteçam, ou seja, para estarmos desenvolvendo tecnologia para todo sistema de produção de trigo integrado com outras culturas aqui da região do Cerrado ? explica Faria.
Eduardo Elias Ebrahim, que até agora só cultiva trigo irrigado, acredita que pode ter mais uma opção.
? A vinda da Embrapa para a região do Cerrado vai validar as tecnologias, Nós temos uma área muito grande que pode ser utilizada. A Embrapa calculou que no Brasil central tem dois milhões de hectares aptos a receberem o trigo safrinha pós soja ? conclui o produtor rural.