Cepea: seguro agrícola ainda precisa de avanços para ser vantajoso

Segundo o Ministério da Agricultura, 85% das apólices são da região SulAs opções de seguro agrícola ainda são restritas no Brasil. Somente algumas intempéries - como granizo e geadas - são cobertas, e as opções beneficiam apenas culturas consideradas prioritárias pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento (Mapa).

Conforme a revista Hortifruti Brasil, do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, o setor de frutas e hortaliças é o segundo segmento que mais utiliza o seguro agrícola no país, atrás apenas dos grãos. Segundo pesquisadores do Cepea, as lavouras de hortifrutícolas são muito sensíveis aos eventos climáticos, e vários de seus produtos são classificados como prioritários, pela importância na economia de determinadas regiões, como uva, maçã e tomate.

Segundo o Ministério, 85% de todas as apólices de seguros são da região Sul. O Nordeste, importante pólo produtivo de frutas, praticamente não aparece nas estatísticas de seguro, já que as apólices não cobrem secas, por exemplo. De acordo com o professor da Esalq Vitor Ozaki, faltam seguros customizados para cada produto e região e que possam interessar a agricultores de várias localidades, ampliando a adesão e reduzindo custos.

No geral, os produtores mais expostos aos riscos de granizo são os que têm mantido o seguro agrícola. Essa concentração do perfil do segurado aumenta o gasto médio da apólice. Apesar da subvenção do governo – 60% para frutas e 40% para hortaliças – o valor médio do prêmio tem aumentado nos últimos anos no setor hortifrutícola.

Além da concentração do perfil de risco, as culturas que mais contratam também são restritas. Em 2012, uva e maçã corresponderam a 88% do total de apólices de frutas. Entre as hortaliças, tomate e cebola lideram com 90%. Ainda assim, produtores consultados pelo Cepea reclamam que, quando precisam resgatar o prêmio, muitas seguradoras avaliam erroneamente as perdas e levam em consideração somente os frutos danificados, por exemplo, e não as plantas como um todo.