A propriedade fica a mais de 20 quilômetros do centro de Brasília. O ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva Filho, explicou que o governo se comprometeu a fornecer lonas e transporte para as famílias acampadas e garantiu que as viaturas da Polícia Militar que estavam no local já deixaram o acampamento para garantir a tranquilidade na retirada dos trabalhadores.
– Também serão distribuídas cestas de alimentos para as 400 famílias até o final dessa semana – afirmou.
– Acertamos também que haverá reunião com o governo imediatamente após a desocupação da fazenda. Pode ser ainda hoje [segunda], se a desocupação for concluída, ou amanhã [terça] – acrescentou.
A coordenadora nacional do MST no Distrito Federal, Maria Lucimar Nascimento da Silva, afirmou que o movimento não vai divulgar o local para onde as famílias serão levadas. Segunda ela, a expectativa dos trabalhadores é conseguir um posicionamento do governo local em relação a toda questão agrária na região.
– O governo não veio para a mesa [de negociações hoje] porque disse que não negocia enquanto a área não estiver desocupada. Então vamos desocupar. Mas não estamos discutindo só o problema do Acampamento 22 de Agosto [uma menção à data em que a fazenda foi ocupada], mas a reforma agrária que está abandonada no Distrito Federal – destacou.
Segundo Lucimar, desde março deste ano, o movimento tenta marcar uma reunião para definir as prioridades dos trabalhadores sem terra, mas o governo ainda não agendou uma data para o debate.
– O Fórum da Reforma Agrária do Distrito Federal não está atendendo as demandas da reforma agrária. Não tivemos avanço. O único avanço até agora foram as intervenções da ouvidoria agrária em relação à violência contra o movimento – criticou, destacando que o MST na região reivindica o assentamento regularizado de quase duas mil famílias.
Gercindo José da Silva Filho ainda afirmou que mais 900 famílias acampadas no local pertencem a outros movimentos e também terão que deixar o acampamento.