O produtor Aparecido Carti ainda não acredita no que aconteceu. A área de café, que estava em pleno desenvolvimento, foi totalmente arrasada pelo granizo.
– Há 15 dias estava lindo, perfeito. Agora, além da perda financeira, há uma perda sentimental. É difícil, mas vamos fazer brotar de novo e você está convidado a vir ver daqui dois ou três anos – lamenta o cafeicultor.
– Neste local, tinha mais ou menos uns 60, 70 centímetros de pedra aglomerada. No terreno de fora a fora, havia uma média de uns oito ou nove centímetros. [O granizo] me tomou tudo. Meu investimento foi muito grande, de mais ou menos R$ de 120 mil – conta o produtor Tadeu Fidelis.
Fidelis também foi pego de surpresa e só pensa em como vai fazer para pagar a dívida no banco, já que o cafezal atingido foi financiado com a previsão de colher a primeira safra em 2014. Agora, ele aguarda a assistência técnica para saber se a área tem recuperação ou ele terá que fazer o replantio.
– Estou esperando a chuva passar, porque agora não tem nem como pulverizar, correr atrás para tapear os machucados das plantas. Para recuperar isso aqui, vai de um ano a dois anos, no mínimo. Vou ter um ano de perda, isso se não for preciso eliminar ela por aqui – destaca.
Na propriedade de Licércio Teixeira de Moraes, a lavoura de café cereja estava com o fruto pronto para ser colhido. O cafeicultor perdeu 30% dessa safra e 50% da próxima, além de comprometer a qualidade do café que vai colher do chão. Ele terá que fazer uma pulverização para cicatrizar os pés que ficaram machucados.
– Fazemos nossos financiamentos baseados na produção e na valorização do nosso produto. Se ele cai, fica difícil.
O último registro de granizo nesta intensidade foi por volta de 1945, apontaram os agricultores mais antigos da região. O Sindicato dos Produtores Rurais de Itamogi está preparando um levantamento completo com laudo técnico e fotos para encaminhar ao banco onde os cafeicultores fizeram financiamento de custeio dos cafezais. A esperança está no seguro agrícola, que pode amenizar o prejuízo.
– A gente tem esperança, não só nesta questão do seguro, mas nas novas linhas para atender esses produtores que ficaram com a produção de café comprometida neste e nos próximos anos – afirma o presidente do Sindicato, Nilson Aparecido David
Norte de São Paulo
O clima instável também preocupa os cafeicultores da região norte do Estado de São Paulo. A chuva dessa semana deixou uma grande quantidade de café no chão, o que pode comprometer a qualidade e o preço.
Foram pelo menos quatro dias de chuva. As lavouras da região conhecida como Mogiana, em São Paulo, quase na divisa com Minas Gerais, podem apresentar perdas de 25% a 40%. O café no chão, no entanto, não está todo perdido. O problema é que, para juntar o que sobra, há um custo de mão de obra, e muitas propriedades possuem colheita mecanizada.