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Cerca de 12% da área destinada ao café em Itamogi (MG) pode ser prejudicada pelo granizo

Produtores estão preocupados com as dívidas nos bancos, já que os cafezais atingidos foram financiados e, agora, podem dar prejuízoTécnicos de Itamogi, no sul de Minas Gerais, estão fazendo um levantamento nos cafezais atingidos pela chuva de granizo que afetou a região nesta semana. O prejuízo foi registrado em uma faixa de mil hectares, entre pés recém-plantados e cafezais em plena produção, o que representa 12% da área destinada à cultura no município.

O produtor Aparecido Carti ainda não acredita no que aconteceu. A área de café, que estava em pleno desenvolvimento, foi totalmente arrasada pelo granizo.

– Há 15 dias estava lindo, perfeito. Agora, além da perda financeira, há uma perda sentimental. É difícil, mas vamos fazer brotar de novo e você está convidado a vir ver daqui dois ou três anos – lamenta o cafeicultor.

– Neste local, tinha mais ou menos uns 60, 70 centímetros de pedra aglomerada. No terreno de fora a fora, havia uma média de uns oito ou nove centímetros. [O granizo] me tomou tudo. Meu investimento foi muito grande, de mais ou menos R$ de 120 mil – conta o produtor Tadeu Fidelis.

Fidelis também foi pego de surpresa e só pensa em como vai fazer para pagar a dívida no banco, já que o cafezal atingido foi financiado com a previsão de colher a primeira safra em 2014. Agora, ele aguarda a assistência técnica para saber se a área tem recuperação ou ele terá que fazer o replantio.

– Estou esperando a chuva passar, porque agora não tem nem como pulverizar, correr atrás para tapear os machucados das plantas. Para recuperar isso aqui, vai de um ano a dois anos, no mínimo. Vou ter um ano de perda, isso se não for preciso eliminar ela por aqui – destaca.

Na propriedade de Licércio Teixeira de Moraes, a lavoura de café cereja estava com o fruto pronto para ser colhido. O cafeicultor perdeu 30% dessa safra e 50% da próxima, além de comprometer a qualidade do café que vai colher do chão. Ele terá que fazer uma pulverização para cicatrizar os pés que ficaram machucados.

– Fazemos nossos financiamentos baseados na produção e na valorização do nosso produto. Se ele cai, fica difícil.

O último registro de granizo nesta intensidade foi por volta de 1945, apontaram os agricultores mais antigos da região. O Sindicato dos Produtores Rurais de Itamogi está preparando um levantamento completo com laudo técnico e fotos para encaminhar ao banco onde os cafeicultores fizeram financiamento de custeio dos cafezais. A esperança está no seguro agrícola, que pode amenizar o prejuízo.

– A gente tem esperança, não só nesta questão do seguro, mas nas novas linhas para atender esses produtores que ficaram com a produção de café comprometida neste e nos próximos anos – afirma o presidente do Sindicato, Nilson Aparecido David

Norte de São Paulo

O clima instável também preocupa os cafeicultores da região norte do Estado de São Paulo.  A chuva dessa semana deixou uma grande quantidade de café no chão, o que pode comprometer a qualidade e o preço.

Foram pelo menos quatro dias de chuva. As lavouras da região conhecida como Mogiana, em São Paulo, quase na divisa com Minas Gerais, podem apresentar perdas de 25% a 40%. O café no chão, no entanto, não está todo perdido. O problema é que, para juntar o que sobra, há um custo de mão de obra, e muitas propriedades possuem colheita mecanizada.

 

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