? A situação de emergência no Chifre da África foi causada pela seca na região, pela alta nos preços dos produtos mais básicos, além de pela insegurança, pelo custo atual do petróleo e pela especulação dos mercados internacionais ? disse em Nairóbi o coordenador de ajuda humanitária da ONU na Somália, Mark Bowden.
A Somália enfrenta condições difíceis, como a crise da agricultura após as poucas chuvas no sul e centro do país e a violência gerada por grupos fundamentalistas islâmicos contra o governo, que dificulta o acesso da assistência humanitária às povoações das zonas mais remotas. Até agora, 19 voluntários foram assassinados na Somália.
? É muito preocupante que o índice de violência em algumas partes da Somália tenha disparado este ano e alcançado um número intolerável de civis assassinados ? assinalou Bowden.
O coordenador da ONU estimou que a metade da população somali precisará de assistência alimentícia até o fim do ano. A organização internacional requisitou US$ 637 milhões para a Somália, embora, “por enquanto, apenas um terço tenha sido conseguido. Já na Etiópia, mais de 4,5 milhões de pessoas precisam de ajuda imediata, número que dobra os 2,2 milhões do período de janeiro a março de 2008.
? Outros 5,7 milhões precisarão de assistência devido à seca ? segundo Peter Smerdon, do Programa Mundial de Alimentos (PMA).
O Ministério da Saúde Pública da Etiópia estima que a seca seja a causa da desnutrição de 75 mil crianças, número que poderá aumentar nos próximos meses, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Região importadora
Os países do Chifre da África são importadores líquidos de produtos, devido, em parte, ao limitado investimento no desenvolvimento da agricultura, de modo que a alta mundial dos preços dos alimentos se transferiu à região.
? Já não podemos comprar comida na Etiópia ou Uganda, pois ou esses países não dispõem de reservas, ou, ao comprá-la, os preços locais disparariam ? disse Smerdon a respeito.
O funcionário do PMA especificou que o mercado “se deslocou à África do Sul ou à Índia”, cortando um fornecimento importante de recursos para os etíopes e os ugandenses. Segundo o representante da Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Francesco del Re, a crise atual é comparável à de 2005.
? No entanto, desta vez se vê aguçada pelos elevados preços dos alimentos e do petróleo ? afirmou.
Além disso, acrescentou, “se as chuvas previstas durante o período de outubro a dezembro não chegarem, se alcançarão níveis drásticos”.