O ministro do meio ambiente, Sarney Filho, pode propor uma moratória da soja para que o Cerrado, e o anúncio deixou o setor produtivo “assustado”. O principal argumento dos ambientalistas para colocar a medida em prática é conter o desmatamento desordenado que acontece na região matopiba, que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
A moratória propõe que indústrias esmagadoras e exportadoras não comercializem o grão e nem financiem agricultores que tenham cultivado o produto em áreas desmatadas. Na Amazônia, a medida é aplicada há mais de 10 anos e o número de municípios que abriram novas áreas para o cultivo caiu mais de 80% no período.
A sugestão do ministério é de que estados que compõem o Cerrado passem a integrar a moratória. Assim, o desmatamento pode ser controlado na região do matopiba. Mas a ideia está longe de agradar a todos.
“Quem tem que resolver isso com o ministro do meio ambiente é o ministro da agricultura, Blairo Maggi. Como que um ministério vai entrar na ação do outro querendo construir alguma coisa que é ilegal? Então, nós não relevamos esse assunto”, afirma o presidente da Aprosoja, Marcos da Rosa.
“No Brasil, nós utilizamos 3,5% da área do país com soja e temos a possibilidade de ir pra 7%. E ainda temos outras possibilidades legais, que é abertura de 20% da Amazônia, 65% no cerrado e nos outros estados do país 20%. Se tem vegetação nativa, nós temos direito pelo novo código florestal e esse pessoal tem que olhar o país como projeto de nação e parar de encher nosso saco”, aumenta.
Enquanto isso, o ministro Blairo Maggi diz que não vai aceitar uma imposição da moratória da soja no local.
“Nós não vamos aceitar uma moratória unilateral. Nós podemos discutir como reduzir a velocidade de abertura de novas áreas, mas o Brasil não pode abrir mão disso. 35%, ou 20% no Cerrado, 80% na Amazônia, tem um valor ambiental muito grande. Mas custa muito dinheiro para o Brasil você não abrir uma terra que tem infraestrutura de silos, armazéns, estradas, energia elétrica, isso é muito pesado para Brasil e ainda não recebemos nada por isso. E isso é uma das reivindicações que irei fazer na COP 22”, acredita.