Neste ano, já foram 23,7 mil toneladas do grão no período: sete vezes mais do que em 1999, o recorde anterior da série histórica publicada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Diante da produção brasileira de 1,19 milhão de toneladas, essa quantidade é pequena. No entanto, dentro do quadro de importações do produto, representa mais de um terço do total. Além disso, o número demonstra o avanço do produto chinês ante o boliviano, tradicionalmente a segunda opção de abastecimento, atrás do argentino.
Segundo o analista da Safras e Mercado Rafael Poerschke, um dos motivos que permitiram a entrada do grão da China foi a melhora da qualidade, além do preço competitivo, mesmo com pagamento de Tarifa Externa Comum do Mercosul de 10%.
O feijão chinês contribuiu para que, de janeiro a julho, o Brasil importasse quase a mesma quantidade de feijão preto de todo o ano passado: 67,9 mil toneladas em sete meses, ante 76,7 mil nos 12 meses de 2007. Poerschke explica que neste ano as importações foram antecipadas e elevadas devido ao atraso de até dois meses no plantio, causado pela seca, e à redução de 14,5% na área plantada na primeira safra, colhida no início deste ano.
? A perspectiva para este segundo semestre é de que as importações se mantenham aquecidas, mas com foco na Argentina, que encerrou a colheita ? diz Poerschke.
A necessidade de importação só não será maior porque a redução de produção na primeira safra deve ser compensada com aumento na segunda. O problema na primeira não foi apenas climático. É que o preço da saca de 60 quilos no atacado há um ano, de R$ 59, era considerado baixo e desestimulou o plantio. O valor atual, de R$ 152,50, incentivou a segunda safra.
De acordo com o presidente da Comissão de Grãos da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Jorge Rodrigues, o fato de o feijão ser voltado exclusivamente ao mercado interno e a falta de apoio à produção desestimulam a estabilidade de produção e a auto-sustentabilidade do Brasil com relação ao grão.