Angela Merkel fez questão de dizer aos jornalistas que a decisão alemã “se destina a proteger os cidadãos, e não os interesses dos bancos”. A chanceler ressaltou que a intervenção do Estado visa evitar “conseqüências que seriam imprevisíveis” para os cidadãos de um eventual colapso do sistema bancário.
Merkel admitiu também que pode estar comprometido o objetivo do governo alemão de conseguir um orçamento de estado equilibrado, sem recurso a novo endividamento, até 2011.
Intervenção
A chefe do governo alemão admitiu ainda a possibilidade de cortes no orçamento de alguns setores em relação aos valores a aplicar no pacote de ajuda aos bancos.
? (O Estado) Teve de intervir com dureza para que o que estamos a viver agora não se repita ? disse Merkel, acrescentando que as medidas ajudam a criar estruturas para uma economia de mercado mais humana.
O objetivo principal do pacote financeiro do Executivo é restaurar a confiança na economia, entre os bancos e a confiança dos cidadãos. A maior parte da verba aprovada pelo Executivo é uma fiança de 400 bilhões de euros (R$ 1,2 trilhão) que se destina a reativar os empréstimos interbancários, “praticamente paralisados pela crise”, como lembrou Angela Merkel na apresentação do plano de emergência.
Medidas
O governo considera que o risco associado à concessão deste aval é de aproximadamente 5%, o que equivale a uma verba de 20 bilhões de euros (R$ 61,3 bilhões) que terá de ser contemplada no orçamento de Estado. O mesmo acontece com os 80 bilhões de euros (R$ 245,3 bilhões) que servirão para injeções de capital em bancos ou seguradoras, ou seja, para comprar participações do Estado em instituições financeiras em dificuldades.
Estas participações serão acompanhadas de um maior controle dos investimentos de risco e do sistema de remunerações. O pacote de financiamentos é válido até ao final de 2009, e deverá ser aprovado até sexta-feira pelas duas câmaras legislativas, o Parlamento Federal e o Conselho Federal. Em seguida, a lei respectiva deverá ser ratificada pelo presidente da República, Horst Koehler, para poder entrar em vigor já na próxima semana.
O plano é baseado no modelo britânico, depois de o governo de Gordon Brown ter criado um fundo de 50 bilhões de euros (R$ 153,3 bilhões) para evitar a falência de bancos locais. Na sua intervenção, Angela Merkel afirmou ainda que, além do pacote aprovado na esfera nacional, a Alemanha defenderá a aprovação de um segundo pilar de novas regras de funcionamento dos mercados financeiros, na União Européia e em outras organizações multilaterais.