O mês de fevereiro trouxe incertezas para a colheita de mais de 60% da soja que ainda está no campo e vai passando do ponto.
– Pelo excesso de chuva concentrada tivemos noites em que choveu 110 milímetros. Isso causou rompimento de barragens, de açúdes, e o excesso de água levou pontes em pequenos riachos. Os caminhões transitam e criam crateras na estrada. Uma lâmina de água nas áreas muito planas de 15 a 20 centímetros quase cobre o milho já plantado e boa parte da soja está submersa em grandes áreas muito planas – conta o diretor da Famato, Nelson Piccoli.
As máquinas que deveriam estar com força total para finalizar a safra, ficam paradas no galpão. O produtor fica sem alternativa em uma corrida contra o tempo. Na última semana, poucos produtores arriscaram colocar as máquinas nas lavouras. Quem se aventurou chegou a perder até 12% da carga que entregou. Foi o desconto por excesso de umidade, além das perdas no processo de tirar a soja sem condições adequadas. Os grãos começam estragar no campo.
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Na fazenda da família Ferri, em Campo Verde, a 130 quilômetros de Cuiabá, a produção foi escalonada para colher no tempo certo. O produtor não contava com tanta chuva em tempo prolongado. Os talhões estão amadurecendo e o trabalho de colheita vai acumular.
Para ele, o excesso de chuva na colheita é o desafio final de uma safra totalmente atípica, onde os problemas foram se multiplicando. Em algumas áreas, a soja não escapou do ataque agressivo da ferrugem asiática, provocando a perda de cinco sacas por hectare. Os grãos não se desenvolveram na parte baixa da planta.
– A ferrugem veio com mais força do que nos outros anos devido às grandes áreas de soja superprecoce – diz Fernando Ferri.
Neste ano, o custo só cresce: controle de pragas e doenças, óleo diesel, sementes e, agora, a dificuldade de tirar a soja das lavouras. A alta foi de 12% a 15%. O atraso da colheita da soja pode comprometer muito a segunda safra de milho. O plantio deveria estar sendo finalizado dentro do período recomendado pelos técnicos.