Funcionários e navios parados: se não dá pra operar, o jeito é fazer manutenção. Só nesta sexta, dia 16, oito embarcações estavam atracadas em Santos esperando pelo carregamento de açúcar e outras 43 já estavam na fila para entrar no porto. Os embarques estão parados desde a última terça, dia 13, quando começou a chover no Estado. Com o mau tempo, o carregamento é suspenso para não comprometer a qualidade do produto. A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o porto, calcula que 280 mil toneladas de açúcar deixaram de ser exportadas nos últimos quatro dias.
Precisando do produto que não sai dos portos, os compradores oferecem prêmios maiores sobre o preço de mercado. Em junho, o valor saltou de US$ 4 para US$ 35 por tonelada. O navio que fica muito tempo parado no porto é multado. Porém, segundo o analista Arnaldo Corrêa, da Archer Consulting, os exportadores aproveitam os preços melhores.
Não é apenas o atraso nos embarques que vem pressionando o preço da commodity. A situação atual dos exportadores de açúcar é, na verdade, uma soma de fatores, como explicam os analistas. Primeiro, os países importadores anteciparam as compras, já que lá fora os mercados estão bastante firmes. Depois, aqui do lado brasileiro, houve uma menor disponibilidade de produto do que se esperava para o início da safra. A chuva, então, só agravou a situação.
Cerca de 80% do açúcar que o Brasil exporta sai pelo Porto de Santos. Com safras menores lá fora, países que eram exportadores começaram a importar. A busca pelo produto aumentou ainda mais no mês passado, pois nessa época, o Brasil é o único fornecedor.
Em junho, foram exportadas 500 mil toneladas a mais que no mesmo período no ano passado só do Porto de Santos. Com a demanda aquecida, o preço no mercado internacional subiu quase US$ 30 por tonelada nos últimos 30 dias.