José Trindade trabalha em uma fazenda de seringueiras de oito mil hectares em Porto Feliz, interior de São Paulo. Há dois meses estava com o trabalho praticamente parado, mas nos últimos dias, fica horas no cultivo do látex. E os resultados devem ser bem promissores.
Os produtores de seringueira estão comemorando a chuva das últimas semanas. A produção deve seguir até o final de julho, início de agosto, no fim da safra. A seca no início do ano prejudicou a produtividade no campo.
Agora as condições do tempo são bem favoráveis para a sangria. Normalmente, o período de colheita é de setembro a junho. No ano passado, a safra ficou em 170 mil toneladas de borracha em todo o país. Este ano, a previsão é de cerca de 173 mil toneladas. Crescimento modesto, mas que é apontado por especialistas como muito bom, principalmente para quem já pensava em prejuízo.
O problema não atinge apenas o Estado de São Paulo. O Brasil está com problemas na produção de borracha líquida e cerca de 60% da nossa demanda é importada. Apesar de a atividade ser bem mais rentável que a cana-de-açúcar, por exemplo, um seringal leva de oito a 10 anos para produzir de forma rentável. Para o ex-secretário de Agricultura de São Paulo, João Sampaio, os preços pagos atualmente ao produtor não estão altos como em 2010, que giravam em torno de R$ 3,50. Atualmente, na faixa de R$ 2, 20, o valor não ajuda a atividade no país.
– Quando você tem um preço muito bom e uma rentabilidade melhor do agronegócio brasileiro, você acaba criando gordura, ineficiência por acomodação. Agora a situação é inversa. Agora a gente tem um preço que não é prejuízo, mas é uma rentabilidade bem menor. Você não pode perder mais sangrias, estimular as árvores no período certo, a mão de obra tem que ser a melhor, para produzir mais tem que ganhar mais. Você tem cortar custos no que for possível para ter um crescimento – diz João Sampaio.