Nas cidades, apesar de insuficiente, alivia discretamente quem sofre com o racionamento. Levantamento divulgado pela Emater aponta que a soja atinge 87% da área colhida com perdas que ultrapassam 43% da produção. Devido à estiagem, ainda há solicitações de perícia para o Proagro em algumas regiões do Estado. Isso que faz com que o produtor aguarde o término do processo para finalizar a colheita.
Nas lavouras de milho, cuja área colhida chega a 80%, as precipitações recentes só beneficiaram quem plantou no fim de fevereiro e início de março, fora do limite indicado pelo zoneamento agroclimático. As perdas ultrapassam 42%. Entretanto, o pessimismo da safra de verão contrasta com a expectativa para o ciclo de inverno.
Segundo o engenheiro agrônomo da Emater, Alencar Rugeri, a chuva na região ajuda a preparar o solo para o plantio de trigo, cevada e canola, que deve se intensificar em maio. No caso do trigo, a previsão é de aumento na produção. No planalto médio, o avanço na área plantada de canola é estimado em 15%.
– A chuva também é boa para a colheita ao restabelecer a umidade do solo, mas será preciso regularidade e bons volumes para normalizar a situação – observa Rugeri.
A chuva traz esperança às cidades. Em Erechim, no norte do Estado, o racionamento completou três semanas com precipitação insuficiente para estancá-lo. Segundo a Corsan, o acumulado de 45 milímetros desde quarta, dia 25, aumentou em oito centímetros o nível da barragem, que ainda está 3,39 metros abaixo do normal.
Técnicos acreditam que com 2,5 metros abaixo do nível será possível suspender o racionamento, que divide a cidade em duas. Em cada setor, só há abastecimento a cada 14 horas. No município, as chuvas nos últimos seis meses foram apenas 22% da média histórica, registrando em março e abril os menores índices do Estado.
– Só chuvas regulares de 90 a 100 milímetros poderão amenizar a escassez de forma mais expressiva – destaca Rodimar Passaglia, gerente da Corsan em Erechim.
Prognósticos do Inmet indicam que na metade norte do Rio Grande do Sul, o acumulado de chuva em maio será de 50 a 75 milímetros acima da média histórica. Porém, nos próximos dias, alerta a meteorologista Estael Sias, da Central de Meteorologia da RBS, a previsão é que a chuva seja mais intensa no nordeste, na serra, no litoral e na região metropolitana.