Chuva e vento forte provocam tombamento de lavouras de trigo no RS

Tempestade pode causar prejuízos em grandes áreas de plantio no EstadoChuvas acompanhadas de fortes ventos entre a noite da última terça, dia 18 e a madrugada de quarta, dia 19, provocaram o tombamento do trigo em lavouras do norte e noroeste do Rio Grande do Sul. As cooperativas Cotrijuí, de Ijuí, e Cotrijal, de Não-Me-Toque, estão avaliando possíveis prejuízos. Em algumas áreas foram 120 milímetros de chuva em poucas horas. Para a Nei Mânica, presidente da Cotrijal, vai haver uma pequena quebra, mas só será possível avaliar dentro de uma semana.

– O vendaval e a chuva pesada deitaram o trigo – observa Mânica.

Gerente agrotécnico da cooperativa Cotrijuí, Mário Jung explica que 60% do trigo está na fase final de granação. Segundo ele, o vento e a chuva “acamaram” 90% da lavoura, e esse trigo em fase mais adiantada não levanta mais. Da lavoura deitada pelo vento, será preciso dimensionar qual porcentual está com o colmo quebrado, o que pode prejudicar o enchimento final do grão.

– Se tiver quebrado, não vai completar o enchimento do grão, diminuindo a produtividade e perdendo em PH (peso hectolitro, que determina a qualidade do cereal) – afirma Jung.

Nos cerca de 10% da lavoura ainda em fase de floração, se houver quebra, o trigo seca e a perda deve ser total. Jung complementa que depois da chuva continuou a ventar, o que pode ajudar a enxugar o excesso de água e minimizar o impacto da chuva.

Para o pesquisador e melhorista de trigo da Equipe Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Eduardo Carreão, os estragos dependerão da fase de desenvolvimento do trigo. No caso da região de Passo Fundo em direção ao nordeste gaúcho, que planta o trigo mais tarde, é pouco provável que haja prejuízos mesmo com o volume excessivo de chuva, porque o trigo ainda está em desenvolvimento inicial. Por outro lado, na região das Missões, no noroeste do Estado, onde já há relatos de acamamento do trigo, o principal prejuízo deve ser a dificuldade de captação do sol pela planta tombada.

– Não acredito em prejuízos por quebra do colmo. Podemos ter perda nenhuma a perdas leves quantitativas até perdas qualitativas, com perda de PH – diz Carreão.

Além do trigo, que começa a ser colhido na primeira quinzena de outubro, há ainda a preocupação com o milho que está sendo plantado no noroeste e norte do Estado. Mas tanto Mânica quanto Jung destacam que a chuva desta semana não deve trazer perdas para a cultura de verão. Segundo Jung, na região de Ijuí as lavouras já estão com um palmo de altura e a única perda pode ser de ureia, que deverá ser reaplicada após a forte chuva. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) informou que sairá a campo na sexta, dia 21, e que terá uma avaliação dos danos nas lavouras na segunda, dia 24.